Momento Espírita
Curitiba, 19 de Março de 2024
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ícone Por que dói tanto?

Não há quem caminhe pelas estradas da vida sem que cruze, em algum momento, com a dor. Em um mundo inconstante, onde as certezas são relativas, a dor é processo quase inevitável.

Algumas vezes, ela nos oferece a separação de quem amamos, pelo fenômeno da morte. Outras vezes é a doença que se instala, no nosso ou no corpo alheio.

Em outras ainda, a dor é o revés financeiro, que nos perturba a mente e desfaz alguns planos.

Seja qual for sua origem, ela sempre provocará momentos de reflexão e análise. É o freio que a vida coloca em nosso cotidiano, em nossos valores, em nossas manias, provocando questionamentos a respeito do nosso viver.

Nesses momentos, alguns optamos pela revolta, acreditando-nos injustiçados. Não vemos utilidade na dor.

Outros de nós entendemos os mecanismos de Deus como justos. Se Ele é a síntese maior do amor, certamente Seus desígnios são pautados pelo amor.

É necessário que repensemos o papel da dor para cada um de nós. Ela não é ferramenta de castigo de Deus, ou obra do acaso. Um Deus amoroso jamais agiria por acaso, ou castigaria Seus filhos.

Toda dor que nos surge é convite da vida para o progresso, para a reflexão, para a análise de nossos valores e de nosso caminhar.

Quando ela se apresenta, traz consigo a oportunidade do aprendizado, que não se faria melhor de outra forma. Ou devemos convir que Deus acharia outras fórmulas.

Naturalmente não devemos ser apologistas da dor, e buscá-la a todo custo. De forma alguma. Deus nos oferece a inteligência e os recursos das mais variadas ciências, para diminuir nossas dificuldades e dores.

Assim, para as dores da alma, devemos buscar os recursos da oração, do atendimento fraterno, da psicologia e da psiquiatria. Para as dificuldades do corpo físico, os recursos clínicos ou cirúrgicos.

Porém, quando todos esses recursos ainda se mostrarem limitados, a dor que nos resta é nosso cadinho de aprendizado. A partir daí, nossa resignação dinâmica perante os desígnios da vida nos ajudará a entender o que a vida nos está oferecendo.

Quando entendermos que a dor vem acompanhada do aprendizado, começaremos a perceber a música da vida, e qual canção ela está nos convidando a entoar com ela.

Tenhamos certeza de que nada que nos aconteça é obra do acaso. Somos herdeiros de nós mesmos, desde os dias do ontem. Por isso, hoje, inevitavelmente, nos encontramos com nossas heranças.

As carências de hoje são a resultante dos desperdícios do ontem. As dores são espinhos que colhemos agora, do plantio que, de forma deliberada, realizamos nos caminhos percorridos.

A dor é mecanismo de crescimento e aprendizado, ainda necessária, como ferramenta de progresso, enquanto o amor não nos convencer a deixá-lo administrar nossas ações e nosso proceder.

Nesses tempos, não mais a dor será visita em nossa intimidade, pois toda ela estará tomada em plenitude pelo amor, que, como bem nos lembra o apóstolo Pedro, é capaz de cobrir a multidão dos pecados.

Redação do Momento Espírita.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 9, ed. FEP.
Em 19.1.2024.

 

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