Momento Espírita
Curitiba, 29 de Março de 2024
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ícone O homem feliz

Narra antiga lenda que, certa vez, um rei adoeceu gravemente. O tempo transcorria e seu estado de saúde somente ficava mais complicado.

As tentativas médicas não funcionavam. Estavam a ponto de perder a esperança, quando uma velha criada falou:

Eu sei de uma forma para salvar o rei. Se vocês puderem encontrar um homem feliz, tirar-lhe a camisa e vesti-la no rei, ele se recuperará.

Ao obter tal informação, o rei enviou seus mensageiros a todos os cantos do reino à procura de um homem feliz.

Eles cavalgaram sem descanso, por aldeias, por vilarejos e não encontraram um homem feliz. Ninguém estava satisfeito. Todos tinham uma queixa a fazer.

Aquele alfaiate estúpido fez as calças muito curtas! - Ouviram um homem rico dizer.

A comida está péssima. Este cozinheiro não consegue fazer nada direito! Reclamava outro.

O que há de errado com os nossos filhos? Só fazem tolices.  Resmungava um pai insatisfeito.

O teto está vazando!

A situação financeira está péssima!

Será que o governo não pode dar um jeito nessa situação?

Essas e outras tantas queixas eram o que os mensageiros do rei ouviam por onde passavam.

Se um homem era rico, não tinha o bastante. Se não era rico, era culpa de alguém.

Se era saudável, havia uma pessoa indesejável em sua vida. Se tinha uma boa família, a gripe o estava infelicitando.

Enfim, naquele reino todos tinham algo do que reclamar.

O rei foi perdendo a esperança de ficar bom. Então, de forma inesperada, numa noite em que seu filho cavalgava pelos campos, ao passar perto de uma cabana, ouviu alguém dizer:

Obrigado, Senhor! Concluí meu trabalho diário e ajudei meu semelhante. Comi meu alimento, e agora posso deitar-me e dormir em paz. O que mais poderia desejar, Senhor?

O príncipe exultou de felicidade. Encontrara, por fim, um homem feliz.

Chamou seus homens e lhes ordenou que fossem à cabana, pagassem ao homem o que quisesse e trouxessem a camisa dele para o rei.

No entanto, quando os enviados entraram na cabana para conseguir a camisa do homem feliz, descobriram que ele era tão pobre, tão pobre, que não tinha nenhuma camisa para vestir.

*  *  *

A maioria de nós tem o hábito de reclamar de tudo e de todos. Se não temos motivos de queixa, ficamos sem assunto.

De um modo geral, deixamos de valorizar pequenos detalhes que fazem a nossa felicidade, que nos mantêm a vida, o lar.

Embora saibamos que a felicidade plena não é possível no atual estágio evolutivo da Terra, podemos encontrar muitos motivos de alegria e contentamento.

É preciso que saibamos perceber as bênçãos de todos os dias: o ar, o sol, a chuva, o vento. O termos despertado, nesta manhã, ainda neste mundo abençoado.

Termos um emprego, que nos exige horas de dedicação, mas que nos garante o sustento honesto. A companhia de um cão, que nos surpreende, várias vezes ao dia, com seus latidos e brincadeiras.

A felicidade de sabermos que somos um Espírito imortal, rumo à perfeição. Sabermos que, a pouco e pouco, conquistamos degraus na escalada para o Alto.

Redação do Momento Espírita, com base no cap.
 
 O rei e a camisa, de O livro das virtudes, v. 2,
 de William J. Bennett, ed. Nova Fronteira.
Em 4.1.2024.

 

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