Momento Espírita
Curitiba, 29 de Março de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone Ode à alegria
 

Era o dia 7 de maio de 1824.

Os privilegiados espectadores sentados na plateia do Teatro em Viena, então capital do Império Austro-Húngaro, mal sabiam que estavam para presenciar a primeira audição mundial da maior obra-prima da História da música.

Ainda que o autor já fosse uma celebridade, recebido naquele mesmo dia com uma ovação digna das plateias de música pop de hoje, a reação foi surpreendente.

O comissário de polícia precisou intervir, para silenciar a explosão de aplausos na chegada do alemão: Ludwig Van Beethoven.

Era o dia da primeira apresentação de sua Nona Sinfonia.

Após as palmas, um grande estranhamento.

Até então, a sinfonia - forma musical para orquestra consagrada durante o classicismo - excluía por definição as vozes humanas.

No entanto, no palco sentavam-se quatro solistas e um coral em quatro partes.

Para aumentar a perplexidade, enquanto todos os outros instrumentos desenrolavam movimentos que superavam a racionalidade clássica, permaneciam em silêncio o coral e os solistas.

Eles entrariam apenas no quarto e último movimento.

Beethoven, três anos antes de sua morte, ali realizava uma vontade que alimentava desde os 22 anos de idade: musicar o poema alemão Ode à alegria, de Schiller.

E era o que fazia no derradeiro movimento da obra, quebrando a última barreira do modelo sinfônico.

Oh, amigos, não chega desses sons? Entoemos algo mais prazeroso e alegre! - Vibrou o barítono em recitativo.

Os baixos do coro responderam-lhe forte: Alegria, alegria! - para que, com a orquestra silenciada, começassem a solar um dos temas mais conhecidos da música ocidental.

O tema proclamava: Todos os homens serão irmãos.

Era o poema da fraternidade universal, musicado pela genialidade e sensibilidade irretocáveis de Ludwig.

Abracem-se milhões! Enviem este beijo para todo mundo!

*   *   *

A arte é o belo expressando o bom.

É a expressão da beleza eterna, uma manifestação da poderosa harmonia que rege o Universo.

Convidar a arte para nossa vida diária é ter à disposição excelente instrumento de civilização e aperfeiçoamento.

A influência da música sobre a alma, sobre o seu progresso moral, é reconhecida por todo o mundo. Mas a razão dessa influência é geralmente ignorada.

Sua razão está inteiramente neste fato: a harmonia coloca a alma sob a força de um sentimento que a desmaterializa.

 

Redação do Momento Espírita, com citações do cap. A música espírita, do livro Obras póstumas, de Allan Kardec, ed. Feb.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 16, ed. Fep.
Em 22.11.2010.

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998