Momento Espírita
Curitiba, 28 de Março de 2024
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ícone Velhos e moços
 

Por vezes ocorria, entre os Apóstolos do Senhor Jesus, algumas pequenas discussões a respeito do trabalho que teriam a realizar.

Numa dessas oportunidades, os mais jovens do grupo passaram a tecer considerações sobre como poderiam levar o Evangelho às nações, renovando o mundo.

Eram jovens, afirmavam, e, tão logo o Mestre lhes permitisse, deixariam a Galileia a fim de pregar as verdades do Reino de Deus por toda a Terra.

Sentiam-se fortes e dispostos. Respiravam com entusiasmo os ares da boa nova e se supunham habilitados a traduzir com fidelidade os novos ensinamentos.

Simão, o antigo pescador do lago, tudo ouvia e seu coração foi ficando turvo de tristeza. Ele não era tão jovem. Suas energias pareciam descer de uma grande montanha. O que poderia o seu esforço singelo perante a grande obra que se descortinava?

Jesus, percebendo-lhe os pensamentos, mergulhou Seu doce olhar nos olhos vivos do Apóstolo e servidor e lhe disse: Simão, por que te preocupas com a idade? Se fôssemos contar o tempo, no relógio das preocupações terrenas, quem de nós seria o mais velho?

A vida pode ser comparada a uma grande árvore. A infância é a sua ramagem verdejante. A mocidade se constitui de suas flores perfumadas e formosas.

A velhice é o fruto da experiência e da sabedoria. Há ramagens que morrem aos primeiros beijos do sol, e flores que despetalam aos primeiros sopros da primavera.

O fruto, no entanto, é sempre uma bênção do Todo-Poderoso. A ramagem é uma esperança. A flor, uma promessa. O fruto é a realização. Só ele contém o mistério da vida, cuja fonte se perde no infinito da Divindade.

Não te magoe a conversa dos jovens. Quando te cerque o burburinho da juventude, ama os jovens que revelem trabalho e reflexão.

Entretanto, não deixes de sorrir também para os levianos. São crianças que pedem cuidado, como abelhas que ainda não sabem fazer o mel.

Perdoa os entusiasmos sem rumo como se esquecem as pequenas tolices dos meninos que brincam na infância. Esclarece-os, Simão, e nunca penses que outro homem possa realizar a tarefa que te compete no concerto da vida. Tarefa que te foi dada pelo nosso Divino Pai.

Um velho sem esperança em Deus é um irmão triste envolto em sombras. Mas eu venho trazer ao mundo as claridades de um dia perene.

Em verdade, Simão, ser moço ou velho, no mundo, não interessa!... Antes de tudo, é preciso ser de Deus!...

*   *   *

Se a juventude já não te felicita o corpo e as energias parecem estar a pouco e pouco diminuindo, recobra o bom ânimo e pensa:

Ninguém, no mundo, possui o que tens: a sabedoria, que é consequência de todos os reveses e problemas que enfrentaste e venceste. Ninguém tem a tua experiência.

Cada qual é único no Universo. As conquistas pessoais são intransferíveis.

Ninguém poderá fazer aquilo que te está destinado a produzir. Assim, não percas o ânimo e prossegue, sempre, atuando feliz, dando do que tens aos mais moços, esses rebentos novos que se ensaiam para a vida e necessitam do teu amparo e orientação.

 

 

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 9,
 do livro Boa nova, pelo Espírito Humberto de Campos,
psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
Em 27.07.2010.

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