Momento Espírita
Curitiba, 18 de Abril de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone Judas e Maria

Depois de ter passado muito tempo sobre os quadros sombrios da crucificação no Calvário, Judas, o traidor do Cristo, agora cego no Além, estava solitário e profundamente triste...

Era triste também a paisagem, o céu se mostrava nevoento...

Cansado de remorso e sofrimento, sentou-se e as lágrimas brotaram quentes de seus olhos melancólicos...

Naquele instante, nobre mulher, vinda de planos superiores, envolta em celestes esplendores, que ele quase nem conseguia perceber, chega e afaga a cabeça do infeliz.

Em seguida, num tom de carinho profundo, quase que em oração, ela diz:

Meu filho, por que choras?

Por acaso não sabes? - Responde o interpelado, claramente transtornado. Sou um morto-vivo. Matei-me e novamente estou de pé, sem consolo, sem lar, sem amor, sem fé...

Não ouvistes falar de Judas, o traidor?

Fui eu que aniquilei a vida do Senhor...

A princípio, julguei poder fazê-lO Rei, mas apenas Lhe impus sacrifício, martírio, sangue e cruz.

E, em flagelo e aflição eis a que minha vida se reduz agora, nobre senhora...

Afasta-te de mim, deixa-me padecer neste inferno sem fim... Nada me perguntes, retira-te, pois nada sabes do remorso que me agita.

Nunca penetrarás minha infinita dor... O assunto que lastimo é unicamente meu...

No entanto, a dama calma respondeu:

Meu filho, sei que sofres, sei que lutas. Sei a dor que te causa o remorso que escutas.

Venho apenas falar-te que Deus é sempre amor em toda parte... E acrescentou serena:

A bondade do céu jamais condena. Venho como mãe, buscando um filho amado.

Sofre com paciência a dor e a prova. Terás, em breve, uma existência nova... Não te sintas sozinho ou desprezado.

Judas interrompeu-a e bradou, rude e irritado:

Mãe? Não quero ouvir falar de mãe. Depois de me enforcar num galho de figueira, para acordar na dor, sem poder fugir à verdadeira vida, fui procurar consolo nos braços de minha pobre mãe, que teve medo de meus sofrimentos e expulsou-me depressa.

Por favor, não me fales de mães, nem me fales de amor. Sou apenas um ser solitário e sofredor...

Ainda assim - disse a dama docemente - por mais que me recuses, não me altero. Eu te amo, meu filho, e quero te ver feliz.

Terás, filho, o coração banhado pelas águas do esquecimento numa nova existência de esperança.

Eu te levarei e te conduzirei ao regaço de outra mãe. Pensa nisso e descansa.

E Judas, naquele instante, como quem esquece a própria dor ou como quem se desgarra de pesadelo atroz, perguntou:

Quem és, que me falas assim, sabendo-me traidor? És divina mulher, irradiando amor ou anjo celestial envolto em luz?

No entanto, ela a olhá-lo frente a frente, respondeu simplesmente:

Meu filho, eu sou Maria, sou a mãe de Jesus.

*   *   *

Maria de Nazaré, a sublime mãe de Jesus, administra uma instituição no mundo espiritual.

O objetivo da instituição é atender aos sofredores que buscam consolo e orientação, após a morte do corpo físico.

Ela, portanto, continua a velar por nós como fez com Judas, o traidor de seu próprio filho.

 

Redação do Momento Espírita, com base no cap. Retrato de
mãe, do livro Momentos de ouro, por Espíritos diversos, psicografia de
Francisco Cândido Xavier, ed. GEEM.
Em 11.2.2014.

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998