Momento Espírita
Curitiba, 26 de Abril de 2024
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ícone Pressa e tempo
 

Lacerda era um homem que vivia apressado. Todas as manhãs tomava o café em pé, por se considerar em atraso.  O tempo é precioso, dizia.

E corria. Jogava as coisas dentro da sua pasta, deixava o nó da gravata torto, jogava o paletó no ombro. Tudo porque não tinha tempo para perder.

Vivia apressado. Dizia que o tempo que passa nunca mais seria recuperado.

Por vezes, criava transtornos para a família. Programavam um passeio e era o caos. Ele tinha pressa e exigia que as crianças decidissem rapidamente o que vestiriam, o que levariam.

Mas quem não decidia aonde eles iriam passear era ele. Não tinha tempo para pensar. O negócio era apanhar o carro e sair, sem perda de tempo. No caminho, enquanto  dirigia, decidia.

Naturalmente, era um transtorno atrás do outro. A esposa ficava entristecida. As crianças sem saber bem o que fazer.

Se levavam roupa para a piscina, ele decidia dar um passeio no parque. Se levavam bicicletas para andar no parque, ele acabava por parar na piscina do clube.

Certo dia, como sempre, saiu de casa a correr. Tanto, que quase pisoteou um senhor de idade madura que passeava tranquilo pela calçada.

Fez sinal ao ônibus que vinha, abriu a pasta apressado, pegou as moedas para pagar o cobrador e entrou correndo no coletivo.

O que ele não percebera é que, ao abrir a pasta, vários papéis haviam caído na calçada.

O homem que passeava viu o pacote e o apanhou. Logo verificou que se tratava de duplicatas a serem pagas naquele dia. Todas traziam os cheques correspondentes.

O homem pensou: Os títulos devem ser pagos hoje, sob pena de multa ou talvez protesto. Os cheques estão aqui. Eu tenho tempo.

E se dirigiu ao banco. Postou-se calmamente na fila e efetuou o pagamento.

Estava quase a sair, quando Lacerda entrou correndo na agência bancária.

Sem mesmo se sentar, foi falando ao gerente, em voz alterada:

Almeida, preciso da sua ajuda. Quero cancelar cheques que perdi.

O homem o reconheceu. Aproximou-se e falou:

Não precisa, moço. Eu encontrei os cheques que o senhor perdeu e as duplicatas. Já fiz os pagamentos. Aqui estão os comprovantes.

Lacerda agradeceu, aliviado. Por um minuto se sentou. Depois saiu correndo outra vez, para recobrar o tempo perdido...

*   *   *

Tempo é verdadeiramente um tesouro e deve ser muito bem aproveitado.

Mas a pressa nem sempre indica um aproveitamento do tempo.

Por vezes, se faz necessário repetir tarefas por terem sido mal feitas... Por pressa.

Aproveitar o tempo é saber administrá-lo, de forma a que todas as tarefas, por questão de prioridade, sejam executadas de forma correta e devida.

Aproveitar o tempo é saber dividir as horas para o trabalho, o descanso, o lazer, o estar com a família.

Aproveitar o tempo é saber viver as horas com equilíbrio.

Pensemos nisso.

 

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Uma lição de vida, da Revista Espírita, ano XI, nº 42.
Em 14.03.2011.

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