Momento Espírita
Curitiba, 19 de Março de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone Heroínas anônimas

Olá, mamãe!

Hoje, quando a professora pediu para que escrevêssemos sobre alguém ou alguma coisa, eu resolvi escrever sobre você.

Muitos filhos só fazem isso no Dia das Mães, mas eu acho que todo dia é Dia das Mães, já que você não deixa, um dia sequer, de ser minha mãezinha dedicada.

O que eu quero dizer mesmo, é que você é muito importante para mim, e vou escrever, em poucas palavras, o que penso sobre você.

Logo que eu nasci, ainda não podia compreender porque, às vezes, você deixava cair algumas lágrimas na minha barriguinha, enquanto me enxugava, depois do banho.

Nem entendia porque suas irmãs e sua mãe lhe diziam palavras amargas e chamavam você de irresponsável.

Muitas vezes você dizia que me amava e que ninguém iria tirar-me de você, nem você de mim, e eu me sentia seguro por isso. Eu sabia que havia alguma coisa diferente, pois você sempre ficava sem jeito quando tinha que preencher alguma ficha com meus dados pessoais, e precisava escrever o nome do pai.

Na minha ficha, esse espaço sempre ficava em branco...

Eu nunca havia notado a diferença, pois você e suas irmãs também não tinham pai, mas agora eu sei que ser viúva é diferente de ser mãe solteira.

Eu só fiquei sabendo o que significava ter um pai, na escola, quando meus colegas faziam cartões para entregar a esse personagem, completamente desconhecido para mim.

Quando me dei conta de que não tinha um pai para me defender e me proteger, eu fiquei muito triste. Afinal, meus colegas todos tinham pai, menos eu. Mas eu não quero falar sobre pais, quero falar de você, mamãe.

Quero lhe agradecer por ter me deixado nascer, apesar das dificuldades que iria enfrentar e enfrentou, com muita coragem.

Quero agradecer por não ter me negado seu ventre. Depois que cresci, fiquei sabendo que muitas mulheres fazem isso, quando abandonadas por homens fracos que não assumem a paternidade.

Quero agradecer pelas noites que você ficou acordada sobre meu berço, mantendo a morte afastada, enquanto eu queimava de febre.

Desejo agradecer por ter enfrentado as pessoas que a chamavam de irresponsável e leviana, quando você contou que eu iria nascer.

Talvez elas falassem isso porque não soubessem muito bem o que significa ser leviano e irresponsável.

Quero lhe agradecer mamãe, por todas as vezes que você correu comigo nos braços para não perder o ônibus.

Agradecer por você ter renunciado a tantas coisas para pagar o dentista, o pediatra e comprar remédios para mim.

Por não ter ido ao cinema para me fazer companhia. Por ter deixado de sair com seus amigos para cuidar de mim. Eu sei que não foi fácil para você, mas acredite mãezinha, para mim isso foi muito importante.

Hoje eu já sou quase um rapaz e sei reconhecer o valor de uma mãe. Principalmente de uma mãe que enfrenta sozinha a barra de criar um filho com dignidade.

Sei também que não são apenas as mães solteiras que se desdobram para ser mãe e pai. Há também as mães viúvas, as mães cujos maridos são ausentes ou indiferentes com relação aos filhos.

Que esta curta mensagem tenha o efeito de um abraço de ternura e gratidão a você e a todas essas heroínas anônimas que tecem, com as próprias lágrimas, um manto de luz para envolver o filho que Deus lhes coloca nos braços.

Quero lhe dizer mamãe, que nada do que venha a acontecer apagará da minha alma, tudo o que você fez e faz por mim.

*   *   *

As palavras de um garoto, extraídas do fundo da alma, são o aceno da esperança de dias melhores na face da Terra.

Na simplicidade de sua linguagem infantil, estão impressas as nobres virtudes da gratidão, do reconhecimento, do afeto, da ternura.

Por tudo isso, é possível dizer que "cada criança que nasce é uma prova de que Deus ainda não perdeu as esperanças em relação à humanidade."

Pense nisso!

 

Redação do Momento Espírita, com frase de autoria de Rabindranath Tagore.

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998