Momento Espírita
Curitiba, 19 de Abril de 2024
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ícone Lobos internos

 Um dia, um velho avô foi procurado por seu neto, que estava com raiva de um amigo que o havia ofendido.

O sábio velhinho acalmou o neto e disse com carinho:

Deixe-me contar-lhe uma história.

Eu mesmo, algumas vezes, senti muito ódio daqueles que me ofenderam tanto, sem arrependimento. Todavia, o ódio corrói a nossa intimidade mas não fere nosso inimigo.

É o mesmo que tomar veneno desejando que o inimigo morra.

Lutei muitas vezes contra esses sentimentos.

O neto ouvia com atenção as considerações do avô. E ele continuou:  É como se existissem dois lobos dentro de mim. Um deles é bom. Não magoa ninguém. Vive em harmonia com todos e não se ofende.

Ele só lutará quando for certo fazer isto, e da maneira correta. Mas, o outro lobo, ah!, esse é cheio de raiva. Mesmo as pequenas coisas desagradáveis o levam facilmente a um ataque de ira!

Ele briga com todos, o tempo todo, sem qualquer motivo. É tão irracional que nunca consegue mudar coisa alguma!

Algumas vezes é difícil de conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar meu Espírito.

O garoto olhou intensamente nos olhos de seu avô e perguntou:

E qual deles vence, vovô?

O avô sorriu e respondeu baixinho:

Aquele que eu alimento mais frequentemente.

*   *   *

E você, qual dos dois lobos tem alimentado com mais frequência?

A figura do lobo é significativa, uma vez que representa o grau de animalidade que ainda rege as nossas ações.

Enquanto o ser humano não desenvolver todas as virtudes que o elevarão à categoria de Espírito superior, sempre haverá em sua intimidade um pouco dos irracionais.

E essa luta interna é que irá definindo o nosso amanhã, de acordo com o lado que mais alimentamos.

Por vezes, um simples ato impensado, uma simples ação infeliz, pode nos trazer consequências amargas por longo tempo.

Paulo, o grande Apóstolo do Cristianismo, identificou muito bem essa luta íntima quando disse: O bem que eu quero, esse eu não faço, mas o mal que não quero, esse eu faço.

Indignado por algumas vezes ainda ser dominado pelo homem velho, em prejuízo do homem novo que desejava ser, Paulo desabafou e nos deixou esta grande lição: É preciso perseverar.

É preciso deixar que esse lobo sedento de vingança e obcecado pela ira, que ainda encontra vitalidade em nosso íntimo, não receba alimento e desapareça de vez por todas cedendo lugar ao homem moralmente renovado que desejamos ser.

Agindo dessa maneira poderemos um dia, não muito distante, dizer, como o próprio Apóstolo Paulo disse, depois de vencer a si mesmo: Já não sou eu quem vive, é o Cristo que vive em mim.

Mas, para que cheguemos a esse ponto, temos que travar muitas batalhas internas a fim de fazer com que os ensinamentos e os exemplos de Jesus, o Mestre por excelência, façam sentido para nós a ponto de se constituir em força motriz a impulsionar os nossos pensamentos e atos.

*   *   *

Paulo de Tarso renunciou a muitas coisas para seguir a Jesus.

Ele, que foi um dos primeiros perseguidores dos cristãos em nome da sua crença religiosa, depois que viu o Mestre às portas da cidade de Damasco, tornou-se Seu seguidor fiel até os últimos dias de sua vida.

Mas, para isso, foi preciso silenciar muitas vezes a fera interna que tentava falar mais alto.

Foi preciso renunciar a si mesmo, deixar o orgulho de lado, tomar da sua cruz e seguir os passos luminosos do Mestre de Nazaré.

 Redação do Momento Espírita com base em
conto de autoria ignorada.

Em 18.10.2010.

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