Momento Espírita
Curitiba, 29 de Março de 2024
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ícone Tola vingança

As lendas chinesas são muito interessantes e sempre plenas de ensinos.

Uma delas conta que o rei Sol tinha uma filha muito amada, tão linda que até mesmo o Imperador Amarelo era cheio de admiração por ela.

Quando o rei Sol saía para dirigir o curso da aurora, a cada manhã, a filha desejava ir com ele.

Mas ele era muito ocupado e não a podia levar consigo. Um dia, ela remou secretamente atrás do pai, num barco.

Infelizmente, uma tempestade se levantou e ela foi tragada pelo mar, deixando seu pai tomado de tristeza.

No entanto, ela renasceu como um pássaro de cabeça listrada, garras vermelhas e bico branco.

Por causa do seu canto lamentoso é chamado de Jingwei.

Pois Jingwei prometeu se vingar do mar, dizendo que o transformaria em terra seca.

Por isso, começou a catar pequenas pedras, com o bico, voando de sua casa para o Mar do Leste e deixando-as cair sobre as ondas irregulares.

O mar lhe disse: Pequeno pássaro, desista! Mesmo se trabalhar por um milhão de anos, você nunca me transformará numa planície deserta.

A resposta rancorosa de Jingwei foi: Mesmo que eu leve dez milhões de anos ou cem milhões de anos, até o final do mundo, vou tratar de fazer de você terra seca.

As fêmeas descendentes de Jingwei prosseguem na interminável tarefa de buscar pedrinhas e gravetos para aterrar o mar.

*   *   *

Os chineses respeitam enormemente esse pássaro por sua determinação férrea e pela força de vontade.

Monumentos foram erguidos em sua homenagem e ainda podem ser vistos em vários locais, às margens da costa leste da China.

Cantada em versos, a lenda se tornou sinônimo de idealismo invencível e de empenho árduo.

Permitimo-nos enfocar outra faceta dessa ave: o ódio que ela destila. Ódio que lhe consome os dias em vingança inútil.

Sabendo, embora, que jamais conseguirá atingir o objetivo, afirma que morrerá tentando.

Por vezes, não é exatamente assim que nos portamos? Atingidos em nosso orgulho ou no que dizemos ser nossa honra, concentramos nossas energias em tola vingança.

Mesmo que tudo que façamos não atinja o alvo, que consideramos nosso inimigo, não desistimos.

Ainda quando o organismo, registrando nossas vibrações negativas, dê sinais alarmantes de enfermidade, persistimos no intuito.

Sofremos, choramos mas ratificamos: Morro, mas não me entrego! Vou até o fim!

Valerá a pena? Não será mais produtivo aderirmos ao perdão ensinado por Jesus?

Profundo conhecedor do psiquismo humano, terapeuta exemplar, Ele nos recomendou a reconciliação com o adversário.

Sabia Ele que nada de positivo traz a vingança, prejudicando, primeiramente e acima de tudo, ao seu promotor.

Pensemos nisso e deixemos que siga em paz quem nos agride ou envenena os dias.

De nossa parte, vibremos no bem, pelo bem e usufruamos de saúde e felicidade.

 

Redação do Momento Espírita, com base no cap.9, do livro Mensagem
de uma mãe chinesa desconhecida, de Xinran, ed. Companhia das letras.

Em 29.06.2012.

 

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