Momento Espírita
Curitiba, 28 de Março de 2024
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ícone Preocupação com a morte

A morte é um tema evitado e, de certa forma, ainda ignorado por nossa sociedade.

É como se fosse uma enfermidade que deve ser combatida. O fato, porém, é que a morte é inevitável.

Todos nós morreremos um dia. É apenas uma questão de tempo. Ela faz parte da existência do homem, do seu crescimento e do seu desenvolvimento tanto quanto o nascimento.

É uma das poucas coisas a respeito da qual temos certeza. Crianças, jovens, adultos e velhos - todos vamos morrer.

Por isso mesmo, é importante que comecemos a olhar para a morte de forma diferente. Ela não é um inimigo a ser vencido, nem a prisão de onde devemos escapar.

O fato de morrer jovem ou velho é menos importante do que o de ter vivido intensamente os anos que se teve.

Uma pessoa pode viver mais em dezoito anos do que outra em oitenta. Porque viver não significa simplesmente acumular experiências e aprendizados.

O essencial é viver cada dia como se fosse único. Encontrar um sentido de paz e força que combata as decepções e dores da vida.

Ao mesmo tempo, é se esforçar por descobrir coisas que aumentem e alimentem as delícias da vida.

Uma sugestão: aprender a se concentrar em algumas coisas que normalmente ignoramos. Por exemplo, observar e se alegrar com o desabrochar das flores; admirar a beleza do sol ao nascer cada manhã e ao se pôr todas as tardes.

Consolar-se com um sorriso ou um gesto de outra pessoa. Observar, com surpresa, o crescimento de uma criança. Perceber sua maneira entusiasmada, descomplicada e, ao mesmo tempo, confiante, em relação à vida. Numa palavra, viver.

Alegrar-se com a oportunidade de experimentar cada novo dia é preparar-se para a aceitação da morte.

Aqueles que não viveram realmente, os que deixaram projetos inacabados, sonhos irrealizados, esperanças desfeitas, aqueles que deixaram as coisas verdadeiras da vida passar por eles, são os que não desejam morrer.

Mas nunca é tarde demais para começar a viver e a crescer.

Conan Doyle, o conhecido criador do personagem Sherlock Holmes, aos setenta anos escreveu uma carta, mais ou menos assim:

Meu amigo! Espero que o meu modo de falar não seja demasiado íntimo.

Talvez o que eu tenho a te dizer te pareça sem valor, e o ponhas de lado. Neste caso, nenhum mal haverá.

Por outro lado, poderá ser uma bússola que te guie por uma nova senda que em todas as idades é importante.

Vamos encarar as coisas frente a frente. Nós estamos para morrer - tu e eu.

Apesar de tudo, não temos razão de encarar a morte como objeto de pavor, mas antes como um ponto vitorioso que é a culminância dos nossos esforços e o começo do nosso bem-estar.

*   *   *

A morte não é uma porta que se fecha para a vida, mas uma porta que se abre para a eternidade, e a eternidade é o próprio Espírito.

A morte é apenas uma transição entre uma existência e outra, da vida que prossegue, vasta, exuberante, pulsante.

Alguns dizem que não se sabe o que se encontrará para além da fronteira da morte. Em verdade, exatamente aquilo que semeamos na vida terrena: os amores, as afeições, a grandeza moral.

 

Redação do Momento Espírita, com base no Prólogo do livro
Morte, estágio final da evolução, de Elisabeth Kübler-Ross, ed.
Nova Era e no artigo
Sir Conan Doyle e os idosos,
 do jornal
Correio fraterno do ABC, de outubro de 1996.

Em 20.11.2012.

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