Momento Espírita
Curitiba, 18 de Abril de 2024
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ícone Filho meu que não é meu

Filho meu, que não é meu, de quem és?

Precisamos ser de alguém para fazer sentido, para dar sentido, para sentir?

Se nada daqui levamos, por que possuir? Qual o sentido da posse?

Filho meu, que não é meu, de quem serás? Por que serás?

Por que possuir? Não basta ser?

*  *  *

Vivemos ainda os tempos da posse que nos encanta os olhos.

Existimos para possuir coisas, para possuir pessoas, para fazê-las nossas, contando com isso para que nosso viver tenha sentido.

Mas já paramos para pensar qual o sentido da posse? Por que possuir?

Por que essa ânsia em ter, se o ter não nos faz melhores ou maiores?

O materialismo é, certamente, o maior dos vilões dessa história, junto ao egoísmo.

Se conseguirmos viver baseados nos princípios do Espiritualismo, isto é, sabendo que somos Espíritos e que a vida do Espírito é imorredoura, mudamos o foco, mudamos a visão sobre tudo.

Nós, Espíritos, só levamos daqui, da Terra, as conquistas da moralidade e da intelectualidade. Essas são nossas. Não são posses propriamente ditas, são, sim, lapidações em nossa alma.

Espíritos não possuem Espíritos, isto é, não possuímos os outros e não há tal necessidade uma vez que amadurecemos.

Caminhamos juntos, criamos laços de amor profundo e, pela lei de afinidade, sempre estaremos próximos.

Assim, não há necessidade de possuir.

O amor verdadeiro liberta, deixa espaço para que o próximo cresça, se desenvolva, alce voos outros que, por vezes, planarão sobre planícies distantes das nossas.

Isso não significa uma perda, mas um espaço saudável, fundamental para o desenvolvimento de todos nós.

Não possuímos nossos filhos. Não possuímos nossos amores.

Estão ombreando conosco, nestes dias de transformação da Humanidade, para que juntos sejamos mais fortes.

O amor cria um laço muito forte, sem dúvida. Por vezes não conseguimos vislumbrar como seriam os dias sem eles, os nossos amados, mas a vida precisa ter sentido com ou sem eles.

Somos individualidades, Espíritos em evolução, e nossa vida deve fazer sentido sem precisar da posse, de coisas ou pessoas.

Assim, reflitamos diariamente: Por que possuir? Não basta “ser”?

*   *   *

Desapego. Pensemos profundamente sobre essa ideia.

A ideia de usufruir das coisas, mas não criar esse laço excessivo da posse para com elas.

É um exercício diário desapegarmo-nos das coisas e também das pessoas, amando e libertando a cada dia.

Deixemos de usar os pronomes meu, minha, com tanta ênfase, para nossos familiares – é um exercício interessante.

Nosso filho não é nosso, no sentido de que o possuímos – é nosso companheiro, nosso amigo, nosso amor – mas, nunca nossa propriedade.

Pensemos nisso...

Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 27, ed. FEP.
Em 30.3.2015.

 

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