Momento Espírita
Curitiba, 29 de Março de 2024
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Foi em fevereiro de 1975 que três irmãos - Marcos, com doze anos, João Batista, onze anos e Sheila, com sete - desencarnaram, em acidente, na via Anhanguera.

Pai e mãe mergulharam numa noite de tristeza. Três filhos mortos na mesma hora. Uma casa vazia. A Sra. Elite, a mãe, mergulhou em uma fonte de lágrimas, enquanto o pai, Roberto, se fechou em si mesmo, trabalhando mais do que nunca para esquecer a imensa dor da perda e da saudade.

Então, um dia, numa dessas abençoadas sessões com o médium Francisco Cândido Xavier, na cidade de Uberaba, eles receberam uma mensagem do filho de doze anos, que pode, igualmente, consolar outros corações de pais e mães que viram seus filhos adentrarem a aduana da morte.

Querida mamãe, a senhora pede notícias e rogou tanto, mas tanto, que me vejo aqui para trazer a esperança ao seu coração e fortalecer em meu pai a confiança na vida.

Por dentro de mim, estou como quem traz o pensamento tropeçando na vontade de chorar.

É preciso ser forte e ser um homem para receber um compromisso desses.

Rogo a vocês para não se deixarem dominar pelo sofrimento, embora este conselho deva ser ditado para mim mesmo.

Estamos assim como num telefone direto, em que o fio do lápis vai formando as minhas palavras, sem que eu possa receber as palavras de meus pais queridos, ao mesmo tempo.

Sei tudo o que tem acontecido. Nós entendemos daqui as suas aflições.

Três filhos esmagados quase ao chegarem em casa. E a nossa separação de repente.

Desde que acordei aqui, ouço os seus gritos do coração: suas palavras que não são faladas, suas preces de aflição no silêncio e suas lágrimas que aí na terra ninguém vê.

Mas peço à senhora, em nome da nossa Sheilinha, do João Batista e em meu nome, para viver com fé em nosso reencontro.

Mamãe, se não fosse a falta que a gente experimenta de casa, se não fosse a voz da senhora e do papai por dentro de mim, eu diria que tudo está bem.

Temos repouso, mas o repouso é atravessado pelas recordações que se fazem tão vivas como se fossem relâmpagos coloridos e parados em nossas lembranças.

Não chore mais com desânimo e aflição.

A senhora, sempre carinhosa e imensamente boa para nós, não choraria mais com tanta angústia se visse a nossa querida Sheila cair de aflição, querendo ir ao seu encontro sem poder.

Nós estamos todos unidos sem que eu saiba como é isso. Mamãe, não fique parando o olhar em nossas lembranças. As lágrimas são forças de Deus em nossa vida. Por isso, nenhum de nós está livre de chorar, mas as nossas lágrimas devem ser orações de gratidão e amor, paz e fé.

Não se queixem. Vamos cultivar a saudade na igreja do amor ao próximo.

Mamãe, abençoe os filhos que somos nós aqui, sem você, mas contando sempre com a senhora para ficar mais fortes.

Deus nos auxiliará. Em nome dos irmãos e em meu nome, deixo a vocês, em casa, o nosso beijo de respeito e de amor.

Marcos.

*   *   *

A saudade é um rio de águas profundas, cujas nascentes procedem do coração. Por isso mesmo, Espíritos na carne ou fora dela a sentimos e a sofremos.

Redação do Momento Espírita, com base no
livro
Crianças no Além, pelo Espírito Marcos,
 psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. GEEM.
Em 30.1.2014.

 

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