Momento Espírita
Curitiba, 29 de Março de 2024
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ícone Nunca envelhecer

Qual o segredo para nunca envelhecer?

No anseio da eterna juventude não são poucos aqueles que recorrem aos mais diversos recursos.

Os tratamentos clínicos, cirurgias, intervenções das mais variadas, com um único objetivo: tentar enganar o tempo.

Ele porém, inexorável, parece teimar em não se deixar ludibriar.

Logo mais, seu peso se faz sobre os ombros de todos, deixando marcas indeléveis.

Porém, será mesmo possível manter-se sempre jovem?

*   *   *

Quem visse aquela senhora, de rosto amigável, conversa fácil, os cabelos brancos bem arranjados, não conseguiria imaginar os desafios que a vida lhe oferecera.

Filha de imigrantes, criou-se na comunidade de ucranianos que chegaram ao país, junto com seus pais.

Aprendera o idioma português depois dos oito anos, o que deixara marcas no seu linguajar, carregado de sotaque, como se estrangeira fosse.

Casou-se nova, com outro imigrante, mantendo os laços com a comunidade e as raízes, das quais sempre se orgulhou.

Com os filhos, e foram cinco ao todo, vieram grandes desafios.

Logo cedo, percebeu no marido tendências para o jogo.

Seu desequilíbrio chegou ao ponto dela ter que sair às escuras, na madrugada, fugindo de credores, carregando apenas os filhos, a roupa do corpo, sem paradeiro.

A esse vício, seguiu-se o do alcoolismo, tornando o marido, muitas vezes, alheio às responsabilidades e dificuldades do lar.

Em grande parte desses momentos, ela se via sozinha, a manter a família.

Não raro, os dias amanheciam sem que ela tivesse o que colocar na panela para alimentar os filhos na hora do almoço.

Privou-se muitas vezes de comer, para que eles pudessem melhor se alimentar.

Porém, nunca perdeu sua fé, sua alegria de viver, seu otimismo.

Jamais, ao longo de toda a existência, permitiu-se reclamar do que a vida lhe ofereceu.

Ao contrário, sempre um bom conselho, uma reflexão salutar, uma história a entreter aqueles que a cercavam.

Viúva, com os filhos criados, outros foram seus ideais.

Regularmente retornava à colônia de imigrantes de onde saíra, para levar dinheiro, comida ou roupas, que arrecadava com os mais próximos, para distribuir.

Fazia crochê como lazer e, do resultado, ela se utilizava para presentear, doar, favorecer a tantos.

Aos setenta anos, decidiu criar um programa de rádio sobre a cultura de seus ancestrais.

Era para trazer alento aos velhos imigrantes, que tinham tantas saudades de seu país natal, justificava ela.

E, pessoalmente, buscou patrocínio, junto àqueles que conhecia, para financiar seu sonho.

Durante mais de dez anos, até sua desencarnação, ela levou sua palavra amiga e doce, a todos que a ouviam no seu programa dominical.

E assim ludibriou o tempo.

Assim morreu jovem, com mais de oitenta anos.

Deixou a lição de que, se o envelhecimento do corpo é algo inevitável, o envelhecimento da alma e da mente é opção de cada um de nós.

Todo aquele que carrega sonhos, ideais nobres, objetivos a alcançar, não importa a idade, será sempre jovem, ludibriando o tempo com sabedoria.

Redação do Momento Espírita.
Em 5.8.2015.

 

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