Momento Espírita
Curitiba, 20 de Abril de 2024
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ícone Poderia ser pior...

 O dia apenas amanhecera e Jorge já se achava a meio caminho da empresa em que trabalhava.

Os passos lentos e o olhar voltado para o chão demonstravam a tristeza e o desalento de que estava possuído.

Adentrou o local de trabalho alguns minutos antes do horário e cumprimentou o colega, um tanto desanimado.

Ao perceber a tristeza de Jorge, o companheiro lhe perguntou, interessado:

O que aconteceu com você? Seu olhar denuncia sentimentos amargos...

É verdade. Trago nos ombros o peso da desesperança...

À minha volta só acontecem desgraças e mais desgraças... Sinto-me impotente, e penso que sou o homem mais infeliz da face da Terra.

Mas, afinal de contas, o que aconteceu? - Indagou o colega.

Ora, meu irmão mais novo contraiu grande dívida e fugiu sem deixar o endereço. Meu cunhado envolveu-se com assaltantes e está atrás das grades.

O companheiro que ouvia atento, observou: Mas poderia ser pior...

Jorge continuou:

Minha esposa, levianamente, envolveu-se com um rapaz bem mais novo que ela, e abandonou o lar...

Mas poderia ser pior... - Retrucou o colega.

Meu melhor amigo me traiu, espalhando calúnias a meu respeito...

No entanto, poderia ser pior... - Falou novamente o companheiro.

Jorge não suportou mais ouvir aquela afirmativa e perguntou, um tanto irritado:

Ora, eu já lhe contei tantas desgraças e você só sabe dizer que poderia ser pior? O que poderia acontecer que fosse pior?

O amigo respondeu serenamente:

Você falou que o seu irmão tomou um empréstimo e não honrou o compromisso... Que seu cunhado envolveu-se em assaltos... Que sua esposa o traiu... Que seu melhor amigo o caluniou... E eu posso afirmar, com segurança, que poderia ser pior, se fosse você o autor de tantos desatinos...

Jorge, um tanto chocado, olhou longamente para o colega e respondeu meio reticente:

É... poderia mesmo ser pior...

Às vezes, nos deparamos com situações que nos deixam tristes porque sentimos o coração dilacerado pela traição, pela calúnia ou pelos equívocos dos entes queridos.

Todavia, se já conseguimos permanecer fiéis à nossa própria consciência, poderemos oferecer apoio aos que ainda se debatem nas águas turbulentas dos vícios morais.

*   *   *

Ainda que a navalha da ingratidão nos dilacere o coração...

Ainda que a desgraça dos seres amados comprima nosso coração afetuoso...

Ainda que tenhamos que sorver a taça da calúnia, lembremos o exemplo maior de Jesus, diante da traição do amigo que com Ele convivera por quase três anos...

Lembremos as lágrimas do Sublime Galileu diante do sofrimento alheio...

E, por fim, lembremos a derradeira frase que proferiu do alto da cruz infamante: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.

 

Redação do Momento Espírita.
Em 18.01.2010.

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