Momento Espírita
Curitiba, 29 de Março de 2024
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Ele sempre fora um verdadeiro cavalheiro, companheiro e amigo de todos.

Sua maior felicidade era ter mantido seu casamento por quase sessenta anos.

Sempre mimoseava sua amada com uma flor, um bombom, ou simplesmente, com um beijo carinhoso.

Porém, naquela semana, como ele mesmo disse, sua companheira venceu sua etapa terrena.

Ele ficou só e decidiu se transferir para uma casa de repouso.

Um local simples, limpo e agradável.

Enquanto aguardava quem o iria conduzir às suas novas acomodações, foi olhando tudo com um sorriso nos lábios.

Adentrou o quarto que seria seu. Bem menor do que o que tivera em sua casa. Mas asseado e cheiroso.

A janela dava para o pomar, e o verde das árvores lhe encheu os olhos.

Havia uma mesinha com uns blocos de papel e canetas. Ele se alegrou mais ainda. Pareciam ter adivinhado seu gosto pela escrita.

Pensou: Aqui poderei, em silêncio, sonhar e escrever.

O atendente, vendo o seu ar de satisfação, perguntou se o local correspondia à sua expectativa.

Ele, sem titubear, respondeu que tinha certeza que seria um lugar muito especial, porque assim o idealizara, em sua mente.

Disse gostar muito de escrever e que a paisagem já estava a lhe inspirar algumas ideias.

Sei que meu tempo na Terra não deve ser muito longo, mas, farei o melhor uso dos dias que Deus me reserva.

Resolvi que minhas saudades, experiências e alegria me fariam companhia, por isso, serei muito feliz.

Trouxe comigo o mínimo de objetos, porque decidi que me contentarei com minhas inspirações: alguns livros que me fazem sentir mais leve e realizado, meus cadernos de anotações e minhas lembranças.

Espero poder caminhar junto às flores, admirando-as e, mentalmente, ofertando-as à minha querida companheira, porque sei que as receberá, onde se encontra.

Se puder ajudar a cuidar do jardim, o farei com grande alegria.

E, desde já agradeço sua atenção e a forma carinhosa como me recebeu.

*   *   *

Cinco anos depois, ele partiu para a Espiritualidade, deixando escritos, com as devidas dedicatórias, dois lindos romances sobre suas experiências de vida.

*   *   *

Viver na Terra é gratificante, sempre que nos dispomos a realizar o melhor possível.

Faz parte desta vida o que nos pode enriquecer espiritualmente: a alegria que nos torna realizados e felizes;

a enfermidade e a dor que nos servem de ensinamento;

as lágrimas que umedecem e fertilizam o terreno do coração;

os amigos que felicitam nossos dias;

as companhias amorosas que enchem de carinho nossas almas;

os inimigos que nos presenteiam com as duras verdades, nos alertando e nos permitindo cultivar a paciência;

o animalzinho de estimação que nos faz sorrir com suas peripécias, despertando a ternura em nossos corações;

as flores que perfumam e colorem nosso viver;

o lar que nos acolhe, a família que nos completa, bem como aquela que nos ensina tolerância e perseverança;

a saúde que desfrutamos;

a oportunidade constante de ajudar, de aprender, de ensinar, de colaborar, de participar, de amar...

Nós, apenas nós, podemos construir nossas alegrias, em todas as fases e circunstâncias de nossa vida.

Tudo depende da maneira como resolvamos vivê-la.

É o nosso pensar, nosso querer, nosso fazer, que retratam o nosso viver.

Redação do Momento Espírita.
Em 25.3.2017.

 

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