Momento Espírita
Curitiba, 16 de Abril de 2024
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ícone O bom e o ruim

Ela era uma jovem talentosa e rica. Jamais conhecera dias ruins.

Crescera entre os livros, a arte e as horas de lazer.

Mas então decidiu deixar o lar paterno. Tinha sonhos grandiosos.

Inscreveu-se em um curso em país europeu e partiu. Meses depois, surpreendeu a família informando que pretendia não mais retornar à casa.

Identificava-se de tal forma com os costumes e a vida do país onde se encontrava, que se decidira por não retornar à terra natal.

Conseguir emprego para se manter foi um desafio. Falando fluentemente o inglês e o alemão, venceu barreiras.

Em uma tarde de passeio encontrou um rapaz, tão jovem quanto ela própria, e se apaixonou.

O namoro durou alguns meses, depois veio o matrimônio. Ele era escocês e logo ela descobriu que eram muito diferentes.

Ele manifestava atitudes que a magoavam profundamente. Ela se sentia só e infeliz.

Idealizara uma vida serena, a dois, e tudo o que encontrava a cada dia eram problemas se somando a dificuldades.

Recordou-se do aconchego materno e passou a telefonar para sua mãe, nas horas da madrugada, quando se sentia mais desesperada.

Não aguento mais, disse uma noite.

Que posso fazer, a tantas milhas de distância? Perguntava a mãe.

Servindo-se de palavras doces, foi acalmando a filha. E, por fim, lhe disse:

Filha, apanhe um sabonete e escreva num espelho: “Isso vai passar.” Amanhã lhe telefonarei.

Quando a noite foi vencida pela madrugada ridente e as horas vespertinas se anunciaram, ela telefonou para a filha.

Em prantos, a moça lhe disse:

Eu escrevi, mamãe, como você mandou. Mas não adiantou nada. Nada passou.

Do outro lado da linha, a voz firme da mãe se fez ouvir:

Torne a apanhar o sabonete e embaixo da frase, escreva agora: “O bom e o ruim.”

A filha não conseguiu entender muito bem o que a mãe lhe desejava dizer com aquilo, mas obedeceu.

Então, quando o telefone tornou a tocar, na rica residência dos pais, a voz da filha estava mais calma:

Eu entendi, mamãe. Entendi que devo analisar as coisas positivas, não somente ressaltar as questões ruins do meu casamento.

Escrevi tudo o que de bom já vivi com John. Quando comecei a relacionar as coisas ruins, percebi que não eram tantas quanto supunha.

Vou reformular minha vida. Vou tentar outra vez. Desejo ser feliz com ele.

Aliviada, a mãe percebeu que alcançara o objetivo. A filha estava analisando fatos e opiniões.

*   *   *

Não existem na Terra casamentos perfeitos. Existem, sim, casamentos harmoniosos, porque o casal se empenha em amenizar as diferenças, preocupa-se em renunciar a meros pontos de vista.

Tudo em prol da boa convivência.

Não se cogita de anulação da personalidade de um ou outro, somente em ajuste de entendimento, com paciência e boa vontade.

Mesmo porque, acima e além de tudo, existe o amor.

E o amor é capaz de superar diferenças, promover a paz e solidificar a união.

Redação do Momento Espírita,
com base em fato.
Em 21.11.2017.

 

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