Momento Espírita
Curitiba, 29 de Março de 2024
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ícone A quem Deus ama

Às vezes, no mundo, tecemos estranhos conceitos a respeito de quem deve ou não merecer as bênçãos de Deus.

Alguns acreditamos que o Criador dirige um olhar todo especial a determinada nação.

Outros cremos que a Infinita Justiça estabelece privilégios para os que adotamos essa ou aquela crença.

Na verdade, isso somente reflete o egoísmo de que ainda somos portadores.

Até ao falarmos na Divindade, no Amor Supremo, na Sua Providência, tecemos considerações sectaristas, esperando que Deus ame mais a nós, por esse ou aquele motivo, em detrimento dos demais.

No entanto, Deus ama a todos os Seus filhos. A todos estende as Suas bênçãos, todos os dias.

Conta-se que um bispo foi levado, certa vez, à casa de um homem idoso, que estava quase à morte.

Chegou e se apresentou, dizendo-lhe ali estar para orar por ele e o abençoar, quiçá lhe proferir a derradeira prece, no leito de morte.

O doente fixou o olhar grave sobre o religioso e lhe disse: Acho que o senhor está enganado e perdendo o seu tempo comigo.

Sou ateu por convicção. Fui político dos mais atuantes, durante a maior parte da minha vida, devotando minha juventude e meu ideal à causa da nação.

Participei da administração de meu país. Denunciei a corrupção. Voltei-me contra a opressão dos poderosos.

Defendi os interesses legítimos do povo. Fui caluniado, preso, torturado...

Passei muitos anos numa prisão infecta, em trabalho forçado, onde adquiri a doença que hoje me mata aos poucos...

Depois de uma pausa, prosseguiu: Mas não me arrependo de nada do que fiz. Pelo contrário, trago comigo a consciência tranquila por ter cumprido com o meu dever, por ter defendido os oprimidos e clamado por justiça. Haverá razão melhor para viver?

O bispo continuou a ouvir com atenção: Como o senhor vê, não tenho nada com a sua religião, porque não adoto a sua crença. Não sou, portanto, a pessoa que procura. O senhor bateu na porta errada.

O religioso era um homem de bem, alguém profundamente comprometido com o serviço ao semelhante. Reconhecia que se Deus lhe concedera a oportunidade de ser útil, lhe cabia atender muito bem sua missão.

Habituado a escutar a alma humana, profundamente sensibilizado pelo sofrimento daquele ser, fixou nele o olhar com admiração e respeito e num gesto de humildade, sorriu e disse:

Meu amigo, realmente, você já está aquinhoado com as bênçãos de nosso Pai, e eu estou aqui para pedir a sua bênção.

*   *   *

Jesus afirmou que chegaria o dia que haveria um só rebanho e um só pastor.

Ele estava justamente se referindo a essa necessidade de nos amarmos como irmãos, acima e além de quaisquer diferenças.

Em essência, não importa como creiamos em Deus, ou qual a denominação pela qual O reconhecemos.

O que verdadeiramente tem importância é a forma através da qual demonstramos essa crença. Ou seja, como nos revelamos autênticos filhos do Pai Celeste, irmão de todos os seres vivos da Terra.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo
A bênção, da revista Informação, de outubro/1996.
Em 9.7.2018.

 

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