Momento Espírita
Curitiba, 29 de Março de 2024
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ícone Uma razão para viver
 

Por que você nasceu? Já se fez essa pergunta alguma vez?

Se já pensou sobre isso e ainda não teve resposta, preste atenção nesta história.

Trata-se de uma velhinha que havia perdido toda sua família na guerra. Vendeu a grande casa que possuía e morava agora num pequeno cômodo no canto da sua antiga propriedade.

Um dia ela soube que um jovem de dezessete anos tentara o suicídio jogando-se no mar.

O rapaz era metade negro, metade japonês e fora salvo pela polícia, contra sua vontade. Estava cheio de ódio, revolta e total desespero.

A velhinha foi à polícia e pediu permissão para ver o moço. Tendo em conta a pessoa que era, os policiais a deixaram falar com ele.

Menino, disse ela. O rapaz voltou-lhe a face mas permaneceu sentado, feito pedra, indiferente a tudo e a todos.

A velhinha tornou a lhe falar, suavemente, lentamente e com muito carinho: Menino, então você não sabe que veio ao mundo para algo maravilhoso, que só você pode fazer?

Depois de ter repetido isso várias vezes, Jorge voltou-se subitamente para ela e perguntou com ironia: Um negro? Um filho que não tem pais?

Calmamente a velhinha insistiu: Porque é negro, porque não tem pais é que pode fazer algo maravilhoso.

O jovem riu e considerou: Sim, é claro. E a senhora quer que eu acredite nisso?

Mas a senhora não se perturbou e falou-lhe novamente: Venha comigo e eu lhe mostro.

O rapaz, um tanto desconfiado, resolveu acompanhá-la. Afinal, não tinha para onde ir...

Ela o levou para seu pequeno cômodo e pediu-lhe que cuidasse do jardim. Era uma vida simples, mas aquela mulher o tratava com muito amor.

Pouco a pouco a revolta começou a ceder. A velhinha lhe deu sementes de rabanete e lhe pediu que semeasse. Ele atendeu.

Em dez dias as plantinhas brotaram. Jorge começou a assobiar. Poucos dias depois os rabanetes apareceram e, com eles, a velhinha fez conservas deliciosas e deu de comer ao seu jovem amigo.

Um dia, com um pedaço de bambu, ele fez uma flauta. Passou a tocar e alegrar sua própria vida e dar grande felicidade à velhinha..

Pouco tempo depois, sua avó adotiva o fez matricular-se no colégio. Durante os quatro anos do ginásio continuou a plantar vegetais e ajudava também fazendo artigos de couro.

Enquanto frequentava a Universidade à noite, Jorge ajudava nas obras do metrô. Formou-se e foi trabalhar numa escola para cegos.

Seus alunos tocavam com as mãos os ombros fortes e jovens de Jorge e diziam: Oh, você é tão grande, tão forte! É porque seu peito é largo que você tem fôlego para tocar a flauta, não é? Quando você toca, consigo entender a forma e as cores de uma porção de coisas.

Após ouvir aquelas coisas dos seus alunos cegos, Jorge finalmente chegou em casa e falou à velhinha: Agora realmente acredito que há algo maravilhoso que só eu posso fazer.

E aquela senhora, de cabelos alvos, respondeu: Sim, meu filho, todos nós temos uma razão para viver. Todos nascemos para uma tarefa muito especial que só nós podemos executar.

E, por fim, perguntou ao jovem: E se você não fosse negro e não fosse órfão, será que teria compaixão dos que não enxergam?

*   *   *

Você também nasceu com um dom maravilhoso, que só você pode ofertar.

Pode ser um sorriso de carinho às pessoas à sua volta, sua família, seus colegas; ou apenas um gesto carinhoso para alguém que atravesse o seu caminho.

Afinal, não procuramos uma razão para ter nascido e algo em que valha a pena gastar o nosso tempo no mundo?

Portanto, lembre-se de que você veio ao mundo para algo maravilhoso, que só você pode fazer.

 

Redação do Momento Espírita com base no artigo Lição de amor, da
Revista
Seleções Reader's Digest, de agosto de 1972.
Disponível no livro Momento Espírita v. 5, ed. Fep.
Em 05.03.2012.

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