Momento Espírita
Curitiba, 19 de Abril de 2024
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ícone Divina Soberana

As lágrimas de Maria lhe desciam pelas faces, discretas e silenciosas.

As memórias a transportavam àquele doloroso dia, quando o fruto de seu ventre fora levado ao madeiro da cruz.

Ela sempre cultivara a fé que lhe fazia recordar as palavras do emissário do Senhor: Não temas, Maria. Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus.

E lembrava de sua resposta humilde: Eis aqui a serva do Senhor. Cumpra-se em mim segundo a tua palavra.

Então, um pálido sorriso apareceu na face serena de Maria, quando se lembrou dos primeiros passos do filho, das primeiras palavras, das tantas vezes que o amamentara e o embalara.

Em vários desses momentos, temera por Ele, é verdade. Seu coração de mãe pressentia que muito seria exigido de seu pequeno.

Todavia, em instante algum, deixou de confiar. Conhecia as vozes dos profetas que haviam cantado a vinda do Messias, o Filho de Deus.

Quando, porém, Ele se uniu a doze amigos e se pôs a cumprir a missão que lhe fora destinada, Ele não levantara espadas, não conduzira exércitos, não destronara reis.

Ao contrário, do alto de Sua grandeza, fizera-se pequeno.

Aos inimigos de Seu povo, oferecera a justiça: A César o que é de César e a Deus o que é de Deus.

Para a arrependida de Magdala, ofereceu a libertação: Mulher, porque muito amaste, todos os teus pecados foram perdoados.

Ao companheiro de crucificação, oferecera a esperança: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.

Pregado ao madeiro, para Maria de Nazaré ofereceu a sagrada missão de tomar todos os homens, ali representados por João, sob os cuidados de seu amor maternal: Mulher, eis aí o teu filho. Filho, eis aí a tua mãe.

*   *   *

Mãe de todas as cores, mãe de todas as culturas, mãe dos grandes e dos pequenos, mãe dos exaltados e dos esquecidos.

Senhora dos olhos gentis, do sorriso cândido, do toque de luz, do coração acolhedor.

Teu filho, Mestre de nossas almas, nos deixou o convite gentil: “se alguém deseja seguir-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.

Por vezes, mãe, a cruz de nosso orgulho, de nossa vaidade, de nossa falta de fé e de caridade se faz pesada sobre nossos ombros chagados por nossas mazelas morais.

Tu, que conheces as fragilidades humanas, ampara-nos. Quando os pregos nos atarem ao madeiro, volta teus olhos para nós, acaricia-nos a fronte, dá-nos a coragem que por vezes nos falta.

Faz-nos recordar o teu filho, Mãe Santíssima. Faz-nos seguir os passos que Ele trilhou.

Faz-nos recordar que, para aprendermos a bem caminhar, por vezes, a queda é necessária.

Que, para nos iluminarmos, é preciso que conheçamos profundamente o que se oculta em nossa intimidade.

Que, para alcançarmos a plenitude dos céus da alma, é preciso enfrentarmos as turbulências de nossa pequenez interior.

*   *   *

Bendito o fruto imortal da vossa missão de luz, desde a paz da manjedoura às dores além da cruz. Assim seja para sempre, Divina Soberana, refúgio dos que padecem nas dores das lutas humanas.

Salve, Maria! Salve, Senhora! Salve, Mãe Santíssima de todos os homens!

 Redação do Momento Espírita, com citação final do
  poema
Ave Maria, do livro Parnaso de Além–túmulo,
pelo Espírito Amaral Ornellas, psicografia de
Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.
Em 5.2.2019

 

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