Momento Espírita
Curitiba, 29 de Março de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone Teste de integridade

Há muito tempo houve um mestre que vivia em um templo arruinado, em companhia de grande número de discípulos.

Todos sobreviviam graças às doações e esmolas recebidas dos moradores de uma cidade próxima.

Os discípulos, insatisfeitos com a situação, começaram a reclamar das péssimas condições do templo.

Um dia, o mestre chamou todos para uma reunião e propôs o seguinte:

Nós devemos fazer uma reforma geral no templo, mas como nos ocupamos somente com estudos e meditações, não sobra tempo para trabalhar e arrecadar o dinheiro que precisamos.

Assim, eu pensei numa solução simples e gostaria de saber se posso contar com todos vocês.

Os discípulos ouviam com atenção enquanto o mestre lhes disse:

Cada um de vocês deve ir para a cidade e roubar bens que poderão ser vendidos para a arrecadação de dinheiro. Desta forma poderemos fazer uma boa reforma em nosso templo.

Os estudantes ficaram espantados com a sugestão do mestre, a quem todos julgavam um verdadeiro sábio. Mas, desde que todos tinham por ele grande respeito, não fizeram nenhum protesto.

E o mestre disse, logo a seguir, de modo bastante severo:

Como estaremos cometendo atos ilegais e imorais, e não quero manchar nossa excelente reputação, solicito que só roubem quando ninguém estiver olhando. Não quero que ninguém seja apanhado em flagrante.

Quando o mestre se afastou, os discípulos discutiram o plano.

É errado roubar, disse um deles. Por que nosso mestre nos pede para cometer este ato?

Outro respondeu em seguida: Isto permitirá que possamos reformar o nosso templo, o que é uma boa causa.

Dessa forma, todos concordaram que o mestre era sábio e justo e deveria ter uma boa razão para fazer tal pedido.

Assim, logo partiram em direção à cidade, prometendo que fariam tudo às escondidas para não causar a desgraça do templo.

Todos os estudantes foram para a cidade. Todos, menos um.

O sábio se aproximou dele e lhe perguntou:

Por que você ficou para trás?

Porque não posso seguir as orientações para roubar onde ninguém esteja me vendo.

O mestre se fez de desentendido e pediu ao garoto que se explicasse melhor.

E ele disse com firmeza: Aonde quer que eu vá, eu sempre estarei olhando para mim mesmo. Meus próprios olhos irão me ver roubando e minha consciência registrará o fato.

O sábio mestre abraçou o menino com um sorriso de alegria e disse:

Eu só estava testando a integridade dos meus estudantes, e você foi o único que passou no teste.

Após muitos anos aquele garoto se tornou um grande mestre.

*   *   *

Sem dúvida nenhuma quando uma pessoa é íntegra tem, acima de tudo, responsabilidade com a própria consciência.

A verdadeira integridade jamais se submete, por saber que os fins não justificam os meios, como ocorreu com o lendário Robin Hood, que roubava dos ricos e dava aos pobres.

Ademais, não há nada que possa justificar ao íntegro a perda da sua integridade, da sua dignidade, da sua honradez.

O homem digno sabe que, mesmo que possa fazer algo ilícito, no mais completo anonimato, sempre há alguém a observar: Deus. O Onipresente e Onisciente.

*   *   *

Paulo, o grande Apóstolo de Jesus, compreendia bem o que significa um homem honrado ao dizer: Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém.

Pensemos nisso.

 

Redação do Momento Espírita com base no livro
As 100 mais belas parábolas de todos os tempos,
de Alexandre Rangel, ed. Leitura.

Em 25.04.2011.

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998