Momento Espírita
Curitiba, 03 de Maio de 2024
busca   
no título  |  no texto   
ícone A Ciência e Deus

Ele era um enamorado das estrelas. Por isso, chegou a ser denominado, por um historiador, o Poeta dos céus.

Desde os onze anos, sua paixão foi a astronomia. Seu espírito sensível parecia dotado de uma imensa saudade de algum mundo feliz, de onde ele viera e que parecia querer reencontrar nos mapas dos céus.

Antes de completar vinte anos, Camille Flammarion publicou o livro Pluralidade dos mundos habitados.

A edição se esgotou em pouco tempo. Foi reeditado e traduzido para treze idiomas. Virou moda na corte de Napoleão III.

Esse sábio, que recebeu prêmio da Academia de França e a Comenda da Legião de Honra, por seu livro Astronomia popular, lamentava a divergência entre a Ciência e a religião.

Ele dizia que duas verdades não podiam ser opostas uma da outra.

Dizia ele: Deus é a força inteligente, universal e invisível, que constrói, sem cessar, a obra da natureza.

Sombras noturnas que flutuais pela encosta das montanhas, perfumes que baixais das florestas; flores pendidas que cerrais os lábios, surdos rumores oceânicos que nunca vos calais; calmarias profundas das noites estreladas, tendes-me falado de Deus, com eloquência mais íntima e mais empolgante que todos os livros humanos!

A natureza é um ser vivo e animado. Mais ainda, um ser amigo.

Deus nos fala pelas suas cores, pelos seus sons e pelos seus movimentos.

Tem sorrisos para as nossas alegrias, gemidos para as nossas tristezas, simpatia para todas as nossas aspirações.

É nas leis da natureza que se revela uma inteligência ordenadora. São leis constantes, concordantes e inteligíveis.

E completa o sábio astrônomo: A ignorância havia humanizado Deus. A Ciência O diviniza.

Longe de destruir a velha ideia da existência de Deus, a desenvolve e a torna gradualmente menos indigna da Sua majestade.

Dilatando a esfera de nossa contemplação e espalhando uma luz mais instrutiva sobre a composição geral do Universo, a Ciência nos aclara o senso íntimo da Divindade.

Deus nos aparece sob a ideia de um Espírito permanente e residente no âmago das coisas.

Não habita um paraíso povoado de anjos e de eleitos.

Habita a amplidão infinita, repleta da Sua presença, em cada ponto do espaço, em cada instante do tempo.

A ordem universal reinante na natureza, a inteligência revelada na construção dos seres, a sabedoria espalhada em todo o conjunto; sobretudo, a universidade do plano geral, nos apresenta a Onipotência Divina como sustentáculo invisível da natureza.

Lei organizadora, força essencial.

Deus é um pensamento, residente na essência mesma das coisas, sustentando, organizando, Ele mesmo, desde as mais humildes criaturas aos mais vastos sistemas solares.

Deus é o pensamento do qual as leis diretivas do mundo representam uma forma de atividade.

Então, unamo-nos ao pensamento do sábio astrônomo e reconheçamos essa Força que nos criou, nos mantém a vida e tudo governa.

Deus, bom Deus. Tu que dás a beleza e o perfume à flor, que dás voz ao oceano, recebe a gratidão de um filho reconhecido da Tua grandeza e do Teu amor.

Redação do Momento Espírita, com base em dados
 biográficos de Camille Flammarion e no tomo V do
livro
Deus na natureza, de Camille Flammarion,
 ed. FEB.
Em 16.11.2021.

 

Escute o áudio deste texto

© Copyright - Momento Espírita - 2024 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998