Momento Espírita
Curitiba, 03 de Maio de 2024
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ícone Quando chegar a minha vez

A notícia me surpreendeu, pela madrugada. Em acidente de trânsito, perdera a vida física o filho de uma querida amiga.

Imaginei o quanto ela deveria estar com a alma estraçalhada. Embora, como eu, guarde a convicção da vida imperecível, a morte continua a nos assustar, quando se apresenta.

Por vezes, quase nos tira o chão. Parece irreal.

Hoje foi um jovem, no vigor dos anos. No entanto, nos últimos meses, tenho assistido a partida de muitos amigos, voluntários, conhecidos.

Nesses momentos, penso: Ele estará bem? Estava preparado para essa saída do mundo palpável?

De repente, me surge a indagação: E se a morte me visitasse hoje, eu estaria pronto para seguir com ela?

Teria aquela tranquilidade de Francisco de Assis que, enquanto trabalhava em seu jardim, ao ser perguntado o que faria se soubesse que a morte o viria buscar nesse dia, respondeu: Continuaria capinando?

Ele vivia tão bem os seus dias, que trazia a alma em perfeita harmonia. Poderia partir a qualquer momento.

No entanto, eu, ante essa pergunta, de forma rápida fui repassando pela mente: o seguro de vida está quitado. Isso dará aos que ficam o prosseguimento das suas vidas, sem percalços.

O convênio funeral igualmente está em dia. Então, os familiares não passarão por dissabores com preparativos e valores para o sepultamento do meu corpo.

A senha da conta corrente está em mãos de parente querido, débitos a serem saldados, recursos a serem recebidos, uma lista enorme, tudo em mãos hábeis, para as providências.

Pensei: Posso partir, sem susto.

Então, num flash, uma ideia atravessou minha mente.

Lembrei do episódio do Evangelho em que Jesus relata a história do homem que mandou erguer mais celeiros, para guardar todos os seus frutos, pensando, depois, que poderia descansar, comer, beber e folgar.

Mas, conclui o mestre: Louco! Esta noite te pedirão a tua alma.  E o que tens preparado, para quem será?

Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus.

Dei-me conta de que estou agindo exatamente como esse homem.

Se a morte me vier buscar, agora, qual a bagagem que poderei levar comigo?

E me questiono: Quais virtudes coloquei no baú da alma, para apresentar perante o tribunal da consciência, na Espiritualidade, na qual adentrarei?

Que boas ações pratiquei para enriquecer o enxoval para a nova vida?

Terei semeado mais amizades, afeições do que inimigos e desafetos?

Fui colocando na mala, para essa viagem final, tudo de que me lembrava.

Descobri que nem preciso de uma mala, bastará uma pequena, muito pequena valise de mão.

Assustei-me. Tantos anos vividos. Tão poucas realizações. Cresci no intelecto, conquistei títulos acadêmicos, venci no mundo em várias facetas.

Somente esqueci de semear bem-aventuranças em minha alma.

Preciso apressar-me. O tempo urge.

Permita Deus que novos dias se multipliquem para que eu possa acrescentar mais alguns bons itens na bagagem espiritual.

Alvorece o dia, a hora se faz de urgência.

Ponho-me a caminho, enquanto as horas avançam...

Será este o meu último dia?

Redação do Momento Espírita, com citação do
 
Evangelho de Lucas, cap. 12, itens 19 a 21.
Em 17.2.2023.


 

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