Momento Espírita
Curitiba, 29 de Abril de 2024
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ícone Sons que não ouvimos

Cremos que nós, os seres humanos, podemos ser os últimos a descobrir a grandeza da trilha sonora subterrânea.

Olhando os pássaros nos gramados, os observamos pulando, com a cabeça em riste e nos perguntamos: Como eles bicam o solo, no momento certo, para puxar sua presa?

Na verdade, pesquisadores acreditam que eles ouvem as larvas e minhocas embaixo da terra.

Há muitos sons subterrâneos é o que estão descobrindo.

Utilizando sensores que funcionam como nossos microfones de contato, esses observadores os estão desvendando.

Dizem que alguns desses sons são audíveis para o ouvido humano. Porém, muitos têm frequência e volume altos ou baixos demais para a nossa capacidade auditiva.

Em verdade, quando, depois de dias de calor intenso, chega a chuva, se prestarmos atenção, poderemos escutar os ruídos da terra sorvendo o líquido generoso, como quem, com muita sede bebe água, ruidosamente.

Uma bióloga enterrou duas dúzias de sensores acústicos no solo para gravar as larvas cuidando das suas atividades.

Descobriu que cada espécie delas emite sons particulares.

Ouvindo suas gravações, algumas pessoas dizem que se parecem com os rangidos de uma árvore.

Outras descrevem como pedaços de lixa sendo esfregados entre si.

Quanto temos a descobrir, na natureza.

O som viaja através do ar é o que aprendemos. Quando atinge os nossos ouvidos, faz vibrar os tímpanos e é levado ao cérebro. Traduzindo, ouvimos.

No entanto, o som pode se mover através de outros meios, como a água ou o solo.

Os elefantes conhecem bem esse processo. Eles vocalizam um estrondo em baixa frequência, que se propaga através do solo, permitindo que façam contato com irmãos distantes, que captam os sinais com a sola das suas patas.

Por sua vez, cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts descobriram que existem sons da própria Terra, que são como impressões digitais da estabilidade rochosa.

Se pudéssemos penetrar fundo na crosta terrestre, poderíamos ouvir, com uma audição atenta, a cacofonia de estrondos e estalidos pelo caminho.

Fissuras, poros e defeitos ao longo das rochas são como trilhas que ressoam quando sob pressão.

Segundo esses geólogos, o ritmo e o compasso desses sons pode dizer algo sobre a profundidade e a força das rochas ao nosso redor.

Quanto mais profundo se vá, afirmam, elas cantarão em compassos cada vez maiores.

Estudiosos se detêm a descobrir os sons da Terra e dos seus habitantes subterrâneos.

E nos extasiamos com o mundo espetacular ainda a ser descoberto, na intimidade do planeta, na diversidade imensa de criaturas que a habitam.

*   *   *

Interessante nos perguntarmos se estamos ouvindo o nosso semelhante.

Esse que caminha ao nosso lado, que mostra a face tristonha, a cabeça baixa, o peso do mundo em seus ombros...

Conseguimos ouvir o lamento da sua alma a suplicar: Olhe para mim, me ajude?

Pode ser o familiar, debaixo de nosso teto. Ou um companheiro de trabalho, imerso em dificuldades.

Exercitemos nossos ouvidos, aqueles da alma, porque os sons da dor e da solidão somente podem ser captados dessa forma.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Como os cientistas começam a
 desvendar os sons desconhecidos da Terra, publicado originalmente na revista Knowable, da
 ed. Annual Reviews. republicado pelo site BBC Future e no artigo
Boom, crackle, pop: Sounds
 of Earth's crust, de Jennifer Chu, do Massachusetts Institute of Technology. Disponível em
file:///D:/Documentos/Downloads/20231009_MIT_Sounds%20of%20Earth%20(1).pdf.
Acessado em 14.10.2023.

Em 13.12.2023.

 

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