Na declaração dos Direitos do homem e do cidadão, datada de agosto de 1789, o artigo nono estabelece: Todo homem é reputado inocente até que ele tenha sido declarado culpado.
Por sua vez, a Proclamação dos Direitos do homem da Organização das Nações Unidas - ONU, em seu artigo onze, afirma que toda pessoa acusada de ato delituoso é presumida inocente, até que sua culpabilidade tenha sido legalmente estabelecida em processo público, no qual todas as garantias necessárias à defesa lhe tenham sido asseguradas.
Recordamos, neste dia, ambos os artigos que a Humanidade abraçou, para analisarmos uma atitude que temos, muitas vezes, adotado.
Basta que a mídia notifique algum fato ocorrido e um possível suspeito seja apresentado para que, de imediato, tomemos a iniciativa de julgá-lo e condená-lo.
No mesmo dia, passamos a divulgar os fatos como se verdadeiros fossem. Chegamos a aventar eventuais punições que deveriam alcançar a criatura.
Não investigamos, não indagamos de circunstâncias nem de veracidade.
Criaturas já tiveram as suas vidas destroçadas pela nossa língua, que, como afiado punhal, decepa a honra, o caráter e a vida particular de cidadãos.
Alguns trabalhadores honestos, com digna folha de serviço, pais de família.
Nada do que fizeram ou fazem, todos os dias, é levado em conta. Simplesmente abraçamos a suspeita levantada.
Mais de uma vez, após algumas semanas ou após alguns dias, a própria mídia apresenta o verdadeiro culpado, enquanto lastima o que ocasionou ao anteriormente apontado.
No entanto, como penas jogadas ao vento, difícil se torna para todos os que nos ouviram ou acompanharam as redes sociais deixarem de lado o falado, o dito, o comentado.
Não seria oportuno pensarmos um tanto mais a respeito do que ouvimos, vemos, lemos?
Antes de tirarmos conclusões apressadas, não nos deveríamos permitir ao menos a dúvida inquietante, a cautela?
Oportuno lembrar da exortação do Cristo: Com a severidade com que julgardes, sereis julgados. E aqueloutra: Atire a primeira pedra o que estiver sem pecado.
Ao saber da tragédia da torre que desabara, asseverou: E aqueles dezoito sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, cuidais que foram mais culpados do que todos quantos habitam em Jerusalém?
Não, vos digo; antes, se vos não arrependerdes, todos de igual modo perecereis.
Dessa maneira, antes de nos preocuparmos em disseminar o mal, atenhamo-nos em divulgar o bem.
Falemos das coisas positivas, das que enobrecem e colaboram para a tranquilidade das criaturas.
Selecionemos uma frase edificante, um trecho construtivo, um livro nobre e falemos a respeito deles.
Tenhamos, para cada momento, em cada instante, uma palavra de alento, de bom ânimo, de otimismo.
Assim fazendo, com certeza, teremos dado ao talento da nossa língua a melhor utilidade.
* * *
A língua também é um fogo - lemos na Epístola de Tiago.
Seria muito importante que nos perguntássemos: Estou utilizando a minha língua como Jesus utilizou a dEle?
Redação do Momento Espírita, com base no cap.
A língua, do livro Segue-me, pelo Espírito Emmanuel,
psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed.
O Clarim e transcrição da Epístola de Tiago,
cap. 3, vers. 6.
Em 26.1.2026