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Certa vez, ao pôr do sol, Jesus nos levou à aldeia de Betsaida. Estávamos todos cansados e íamos cobertos pela poeira da estrada.

Chegamos a uma mansão no meio de um jardim. O dono se encontrava junto ao portão. Jesus lhe disse:

"Estes homens estão fatigados e doem-lhe os pés. Permite que durmam em tua casa. A noite está fria, e eles precisam de calor e descanso."

"Eles não podem dormir em minha casa." - Respondeu o homem rico.

O Mestre insistiu, com uma alternativa:

"Permite, então, que durmam em teu jardim."

A resposta tornou a ser negativa:

"Eles não dormirão em meu jardim."

Então, Jesus se virou para nós e disse:

"Assim será vosso amanhã. Este presente vos mostra como será vosso futuro.

Todas as portas vos serão fechadas. Nem mesmo os jardins sob as estrelas vos servirão de leito.

Se vossos pés forem pacientes com a estrada e me seguirem, pode ser que encontreis uma bacia e uma cama. Talvez pão e algo para beber.

Mas, se não encontrardes nenhuma dessas coisas, não vos esqueçais de que atravessastes um de meus desertos.

Vinde, sigamos em frente."

O homem rico parecia incomodado e seu rosto mudou. Murmurou para si mesmo algumas palavras que não ouvi e se afastou, desaparecendo no jardim.

Quanto a nós, seguimos Jesus na estrada.

*  *   *

O prosador e poeta Khalil Gibran coloca na lembrança do apóstolo Pedro um importante alerta aos seguidores do Cristo.

Vivemos ainda tempos de portas fechadas à proposta cristã.

O materialismo predomina e qualquer movimento em busca de alguma espiritualização é ridicularizado, minimizado ou desprezado.

São táticas para manter o homem nas sombras.

Há mansões que poderiam abrigar inúmeros trabalhadores cansados, mas se encontram fechadas.

Há armazéns repletos de alimentos que poderiam saciar a fome do mundo, mas por enquanto não estão à disposição da caridade.

Que fazer? Revoltar-se? Indignar-se? Desistir?

Qual o conselho do Cristo aos Seus seguidores?

Se vossos pés forem pacientes com a estrada e me seguirem, pode ser que encontreis uma bacia e uma cama. Talvez também pão e algo para beber.

Mas se não encontrardes nenhuma dessas coisas, não vos esqueçais de que atravessastes um de meus desertos.

Ser paciente com a estrada, em primeiro lugar, assim como Ele foi.

Haverá, sim, em algum lugar, uma bacia e uma cama, pois o bem desponta em muitos lugares.

Jesus nos recorda que estamos atravessando um de Seus desertos, um mundo inferior, um mundo de provas e expiações, no qual, naturalmente as coisas ainda ocorrem dessa maneira.

Não esperemos por árvores frutíferas e ricas por sua sombra em pleno deserto. Elas virão, porém, mais à frente, num novo trecho do caminho.

Não nos deixemos esmorecer. Que nossos pés tenham paciência e saibam que caminham ao lado de Jesus.

Digamos como o apóstolo Pedro: Quanto a nós, seguimos Jesus na estrada.

Sigamos, todos nós, Jesus na estrada. Ele sabe para onde nos conduz.

 

Redação do Momento Espírita, com base no cap.
Pedro - Do amanhã de Seus seguidores, do livro
 Jesus, o filho do homem, de Khalil Gibran,
 ed. Ediouro.
Em 12.12.2024.

 

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