Momento Espírita
Curitiba, 25 de Abril de 2025
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ícone Para onde vão as estrelas?

Para onde vão as estrelas, durante o dia?

Essa foi a indagação que surpreendeu os pais, naquela tarde de primavera, em passeio junto ao riacho, com sua pequena de quatro anos.

As crianças são muito inquisidoras. Têm esse espírito científico de tudo querer descobrir, sondar, pesquisar.

De um modo geral, suas perguntas ficam sem respostas, porque não nos encontramos preparados para elas. Em verdade, desde há muito abandonamos essa criança que vivia em nós.

A criança que tudo observava, que parava no caminho para acompanhar, devagarinho, para onde seguiam as formigas com seus fardos às costas.

Que jogava uma pequenina pedra no lago e ficava a observar os tantos círculos que se formavam, contando-os, um a um, sem pressa.

E repetia o gesto e tornava a contar e contar.

Que via que o botão de rosa desabrochara, pela manhã, no jardim; que olhava as nuvens e descobria suas mil formas, como num desenho animado, andando pelo céu, compondo histórias.

Éramos assim. Plenos de olhos de ver e ouvidos de ouvir.  De perguntas sem fim: O que os pássaros estão dizendo? Estão discutindo ou fazendo festa pelo reencontro?

A chuva molha o rio? Quem segura as estrelas no céu? Por que elas não caem? Estão presas com barbante ou com cola?

Os tantos silêncios, as tantas respostas mal-humoradas, os tantos pedidos para que ficássemos quietos foram nos desmontando por dentro.

Foram nos calando, foram nos tornando menos inquisidores.

Aqueles de nós que não nos deixamos abater e continuamos a fazer perguntas, a buscar respostas em algum lugar, com alguém que nos pudesse responder, nos tornamos os homens especiais que vivem hoje no mundo.

São esses que habitam os laboratórios de pesquisas, que trabalham na elaboração das vacinas, na criação de medicamentos mais eficientes para debelar enfermidades dolorosas ou diminuir dores.

São esses que compõem melodias de superior beleza, vitrais e quadros de expressivas cores, que reformulam leis, que escrevem poemas de excepcional profundidade falando de um grão de areia, de uma brisa leve, da folha que dança na balada do vento.

Cientistas, sábios, filósofos, poetas, artistas de toda sorte. Permanecem perguntando, indagando e descobrindo os mistérios que a alma humana ainda não desvendou.

*   *   *

Para onde vão as estrelas, durante o dia?

Aquele pai atencioso levou a menina até a beira do riacho de águas cristalinas e lhe mostrou as pequeninas pedras que brilhavam ao fundo, tocadas pelos raios de sol.

Seriam estrelas? - Foi a vez dele perguntar.

A menina mergulhou a mão nas águas, tomou de uma delas, segurou-a e gritou, triunfante: Uma estrela!

Durante dias, semanas e meses, ela conservou a estrela junto ao seu coração.

Levava-a consigo para todos os lugares. À noite, quando olhava o céu estrelado, falava para sua pedrinha: Você não consegue voltar para o céu de noite?

Colocava-a no peitoril da janela, dizendo: Se quiser, você pode ir com suas irmãs. Mas volte depois para mim, tá?

E a estrela nunca quis voltar, porque havia encontrado outro céu, no coração da menina.

Redação do Momento Espírita
Em 14.3.2025

 

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