Momento Espírita
Curitiba, 25 de Abril de 2025
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ícone A honestidade não tem preço

A história é comovente. Quase inacreditável. Fala de uma honestidade a toda prova. Quem a narrou foi Vladimir Petrov, jovem prisioneiro de um campo de concentração no nordeste da Sibéria.

Vladimir tinha um companheiro de prisão chamado Andrey.

Ambos sabiam que daquele lugar poucos saíam com vida. A taxa de mortalidade era extremamente alta, por causa do regime de fome e dos trabalhos forçados.

Natural que a maioria dos prisioneiros furtasse tudo que fosse possível, de quem quer que fosse.

Vladimir tinha, numa pequena caixa, alguns biscoitos, um pouco de manteiga e açúcar. Eram itens que sua mãe lhe havia mandado clandestinamente, de quase três mil quilômetros de distância.

Guardava aqueles alimentos para quando a fome se tornasse insuportável. E como a caixa não tinha chave, ele a levava sempre consigo.

Certo dia, ele foi enviado para um trabalho temporário em outro campo. Não havia como levar o seu tesouro.

O amigo Andrey se ofereceu para zelar pela caixa.

Deixe-a comigo, que eu a guardo. Pode estar certo de que ficará a salvo comigo.

No dia seguinte à sua partida, uma tempestade de neve que durou três dias tornou intransitáveis todos os caminhos, impossibilitando o transporte de provisões.

Vladimir sabia que, no campo de concentração em que ficara Andrey, as coisas deviam andar muito mal.

Dez dias depois, quando os caminhos foram reabertos, Vladimir retornou ao campo.

Chegou à noite, quando todos já haviam voltado do trabalho, mas não viu Andrey entre os demais.

Dirigiu-se ao capataz e lhe perguntou:

Onde está Andrey?

Enterrado numa cova enorme junto com outros tantos prisioneiros, respondeu ele, sem nenhuma emoção.

Mas antes de morrer pediu-me que guardasse isto para você.

Vladimir sentiu um forte aperto no coração.

Nem minha manteiga nem os biscoitos puderam salvá-lo. Morreu à fome, pensou.

Abriu a caixa. Para sua surpresa, ali estavam os alimentos intactos, junto com um bilhete:

Prezado Vladimir. Escrevo enquanto ainda posso mexer a mão. Não sei se viverei até você voltar, porque estou horrivelmente debilitado. Se eu morrer, avise a minha mulher e meus filhos. Você sabe o endereço.

Deixo as suas coisas com o capataz. Espero que as receba intactas.

Vladimir ficou abismado. A fidelidade de Andrey fora tamanha que, perecendo por falta de alimento, não ousara se servir do que prometera guardar.

E, com a certeza de que o amigo conseguiria atender ao seu pedido, solicitara que avisasse sua família.

Em condições tão adversas, somente uma verdadeira amizade pode resistir dessa maneira.

*   *   *

Ser honesto é dever que cabe a toda criatura que tem por meta a felicidade.

A fidelidade é uma das virtudes que liberta o ser e o eleva na direção da luz.

Uma amizade sólida e duradoura só se constrói com fidelidade e honestidade recíprocas.

Somente as pessoas honestas e fiéis possuem a grandeza d'alma dos que já se contam entre os Espíritos verdadeiramente livres.

Pensemos nisso!

Redação do Momento Espírita, com base em artigo
 publicado em
Seleções Reader's Digest, jan/1950.
Em 26.3.2025

 

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