Nove horas da manhã. Estranhando a demora, o executivo indaga da secretária por que o café ainda não fora servido, como habitualmente.
A resposta o surpreende: Desculpe, pensei que o senhor já tivesse recebido a notícia da morte da dona Margarida.
E quem é a dona Margarida? - Pergunta ele.
Era a copeira que lhe servia o café todos os dias, há quase oito anos.
Ah, ela se chamava Margarida?
Sim, responde prontamente a secretária. Mas o senhor não se preocupe. Logo seu café será servido, pois outra copeira está sendo providenciada.
O que aconteceu com esse executivo, acontece com alguns de nós, nos grandes escritórios e empresas.
Somos atendidos por criaturas anônimas que cumprem a sua tarefa e pelas quais pouco ou nada nos interessamos.
Quase nunca nos preocupamos em saber-lhes o nome, referindo-nos a elas como a copeira, a servente, o porteiro, o ascensorista.
São mães que, por vezes, carregam amargura em seus corações dilacerados pelos filhos-problema, sem que ninguém se interesse por suas dores.
Outras vezes, suportam um marido alcoólatra, sem receber, sequer, uma palavra de esperança daqueles a quem servem com dedicação.
Há muitos servidores sem nome, dos quais depende boa parte dos serviços realizados no dia a dia.
É o porteiro que sempre está no seu posto. O ascensorista que desce e sobe horas a fio, pelo elevador, mergulhado em suas dores íntimas, sem que nenhuma das centenas de pessoas que ele leva e traz lhe pergunte sobre si mesmo.
É a faxineira, que mantém tudo limpo, asseado, adentrando a noite para fazer seu serviço sem perturbar ninguém.
É o jardineiro, quase confundido com a própria paisagem, sempre atento a detalhes da sementeira, da poda, da rega, embelezando os canteiros, com diversidade de cores.
Essas criaturas são pessoas sensíveis à dor e às emoções.
Um olá, um bom dia ou boa tarde, acompanhados de um sorriso sincero, pode fazê-las sorrir e alterar a sua paisagem íntima.
São seres humanos lutando com dificuldade para prover o sustento com honradez. Credores de todo nosso respeito.
Uma gentileza não custa nada e ajuda muito, a qualquer pessoa.
Saber seu nome, interessar-se pela sua situação, amenizar as suas dores, se for possível, fará muito bem a eles e nos proporcionará bem-estar.
Quase sempre, porque nos encontramos mergulhados em nossos próprios problemas, nas dificuldades do lar, nas questões graves que deveremos resolver na empresa, passamos por essas criaturas sem vê-las.
Habituemo-nos a cumprimentá-las, a agradecer pelo que fazem. E saibamos utilizar de gentileza quando tenhamos que lhes pedir algo mais, agradecendo depois.
* * *
As pessoas que estão à nossa volta não estão aí por ordem do acaso.
Perante as leis divinas, há uma razão muito especial para elas estarem sob os nossos cuidados e sob a nossa autoridade.
Por essa razão, prestemos atenção em todas e veremos que elas nos observam, esmerando-se nas suas tarefas.
Sejamos nós aqueles que lhes permitamos ser mais do que apenas pessoas sem nome. São nossos colaboradores, auxiliares de valor.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 3.4.2025
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