Certa feita, o poeta português Fernando Pessoa escreveu: Pensar incomoda como andar à chuva.
Certamente referia-se aos pensamentos profundos, complexos, às questões existenciais que, por vezes, mexem com nossa intimidade.
Por isso, alguns preferem não pensar. Outros preferem comprar pensamentos prontos e aceitá-los como boas verdades. Muito mais seguro e menos incômodo.
Porém, nestes aproximados cinco minutos, convidamos você a andar à chuva e quem sabe descobrir que ela não é tão desconfortável quanto pensa.
Notemos como os homens sábios do mundo sempre trouxeram o convite ao pensar, o convite ao desvendar da verdade.
Não há como conhecer a verdade, não há como conquistar lucidez, razão, bom senso, sem pensamento e sem conhecimento.
Sócrates colheu da inscrição na entrada do Templo de Delfos a sua grande lição de vida: Conhece-te a ti mesmo.
Ali estava o conhecimento básico. Também o pensamento essencial.
Conhecer-se, entender-se, questionar-se.
No século XVII, o filósofo e matemático francês, René Descartes, salientará outra frase fundamental: Cogito ergo sum. Penso, logo existo. Ou penso, portanto sou.
Não há como existir sem o pensamento. Não há como fugir de andar à chuva, podemos afirmar.
Talvez, num primeiro momento, as gotas incomodem. Frias, molham as roupas. Podem até impedir a visão.
No entanto, depois de um tempo passamos a apreciar o belo fenômeno da precipitação atmosférica lavando a alma, encharcando-nos de vida. E vida em abundância.
Há quem dance na chuva! Há quem se divirta olhando para o alto e percebendo as gotas caindo e regando a terra. Uma bênção dos céus.
Pensar incomoda, sim, mas é preciso ser incomodado para deixar nosso estado de letargia espiritual.
E não falamos de um pensamento que nos desenvolve apenas na área do intelecto. Precisamos do pensamento fundamental, do ser que olha para si mesmo, para sua essência e revoluciona seus valores morais.
Pensar, conhecer é libertador.
Lembremos do maior de todos os seres de nossa Terra e de Sua proposta: Conhecereis a verdade e ela vos libertará.
Conhecer a verdade também incomoda. Porém, quanto tempo iremos suportar as ilusões do que não é verdade até nos rendermos a ela?
Certamente, aquele homem que saiu da caverna, no mito criado por Platão, pensou aquele movimento antes de agir, de caminhar para fora.
Esse é o movimento fundamental do pensamento humano. Levar-nos para dentro de nós mesmos e para fora de nossa pequenez evolutiva.
Há muito por vir. Há muito por crescer.
Não podemos nos contentar com pouco. Não podemos nos acomodar com o estabelecido, quando o estabelecido não for o bem e o belo.
Por isso, escolhamos andar à chuva agora ou logo mais.
Quanto antes, melhor. Há novos mundos esperando por aqueles que se desafiam a pensar mais alto.
Instrua-se, estude, reflita.
Desafie-se, proponha-se metas e siga com paciência.
Aprenda com quem já se encharcou antes e lá da rua nos diz que a chuva faz bem.
Conheçamos a verdade. Libertemo-nos da ignorância.
Redação do Momento Espírita
Em 8.4.2025
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