Momento Espírita
Curitiba, 25 de Abril de 2025
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ícone A força viva do progresso

O célebre artista japonês do século dezenove, Katsushika Hokusai, deixou um legado artístico memorável.

Não apenas pela beleza das obras, mas por sua postura perante a arte.

É dele a famosa série Trinta e seis vistas do monte Fuji, um conjunto de xilogravuras registrando, de forma magistral, o citado monte em diferentes estações e de diversos locais distintos.

A xilogravura conhecida como A grande onda de Kanagawa, está exposta atualmente no museu britânico.

Hokusai deixou um interessante relato, quando estava com setenta e cinco anos de idade:

Desde a idade de seis anos eu tinha a mania de desenhar a forma dos objetos. Por volta dos cinquenta, havia publicado uma infinidade de desenhos, mas tudo o que produzi antes dos sessenta não deve ser levado em conta.

Foi aos setenta e três que compreendi mais ou menos a estrutura da verdadeira natureza, as plantas, as árvores, os pássaros, os peixes, os insetos.

Em consequência, aos oitenta terei feito ainda mais progresso. Aos noventa, penetrarei o mistério das coisas. Aos cem, terei decididamente chegado a um grau de maravilha.

E quando eu tiver cento e dez anos, para mim, seja um ponto, seja uma linha, tudo será vivo.

O artista não chegou aos cento e dez anos de idade. Desencarnou aos oitenta e nove, mas o ponto principal é a sua noção de que somos perfectíveis, estamos em constante aprimoramento.

Além de tudo, ele sabia também que a morte não seria o fim.

Pouco antes de partir, em maio de 1849, deixou um haicai, um curtíssimo poema, que dizia:

Agora como Espírito

Devo atravessar

Os campos de verão.

Certamente, o artista continuou seu trabalho na nova esfera e ainda percebeu, com alegria, o quanto poderia crescer, o quanto poderia ir adiante.

Todos precisamos dessa visão. E que ela não seja uma visão de desânimo, como quando se olha uma estrada longa pela frente pensando em tudo que falta.

Que seja a visão da disposição, do ânimo do caminhante que não vê a hora de conhecer o que os novos caminhos trarão.

Quem conhece e aceita a lei do progresso sabe que caminhamos sempre para frente; que, embora enfrentemos crises, elas nos empurram para diante.

Progredir é inevitável. Quando e como será é decisão pessoal.

*

Sendo o progresso uma condição da natureza humana, não está no poder do homem a ele se opor. É uma força viva, cuja ação pode ser retardada, porém não anulada, por leis humanas más.

Quando estas se tornam incompatíveis com ele, despedaça-as juntamente com os que se esforcem por mantê-las.

Assim será, até que o homem tenha posto suas leis em concordância com a Justiça Divina, que quer que todos participem do bem e não a vigência de leis feitas pelo forte em detrimento do fraco.

Eis aí expressa a força viva do progresso. Podemos até retardá-la, criar-lhe embaraços. Contudo, jamais a poderemos anular. É Lei Divina.

Haverá dia em que tudo será vivo, como afirmou o artista. Haverá dia em que estaremos próximos de Deus e entenderemos tudo com mais clareza.

Redação do Momento Espírita, com base em citação encontrada na
 exposição
Le Fou de peinture: Hokusai et son temps. Catálogo
 de exposição do Centre Culturel du Marais. Paris: Cres, 1980
 e no comentário à questão 781, de
O Livro dos Espíritos,
 de Allan Kardec, ed. FEB.
Em 11.4.2025

 

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