Reclamas que o tempo é curto,
Dormindo e sonhando embora,
Mas o tempo cria tempo
Se fazes o bem agora.
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Os versos do poeta Casimiro Cunha nos trazem bela lição.
Muitos de nós, senão todos, vez ou outra, reclamamos que o tempo é curto, que o tempo passa muito rápido, que quando vimos... já é dezembro de novo.
Cabe-nos termos cuidado com essas constatações.
Alguns de nós não vemos o tempo passar pois nos encontramos dormindo e sonhando...
Dormindo estamos quando deixamos que as tarefas se tornem automáticas, quando nos deixamos prender na rotina repetitiva sem estarmos realmente presentes em cada momento.
Trabalhamos oito horas, mas parece que o eu Espírito foi sequestrado durante esse tempo. Ficou ali apenas o corpo.
Então o Espírito foi realizar algo nobre? Não. Adormeceu.
Isso acontece quando realizamos nossas tarefas sem a real presença, sem querermos estar ali, sem o entusiasmo.
É como se deixássemos o corpo executar, enquanto o Espírito dorme...
De que nos serve? Para pouca coisa.
Alguns transformamos quase todos os momentos da vida em automatismos, desde os cuidados com o corpo, passando pelas horas do trabalho profissional, até os instantes de convívio com a família.
Somos os que afirmamos que não vimos os filhos crescerem, que não percebemos como envelhecemos tão rápido, que não notamos o companheiro ou a companheira passando por essa ou aquela mudança de estação.
Passamos períodos apenas sonhando, sonhando acordados, e não realizamos nada.
Pensamos, pensamos, planejamos, mas pouco realizamos. Assim, esvai-se o tempo.
Então, sim, o tempo é curto.
Mas o tempo cria tempo, nos diz tão belamente o poeta, quando nos propomos a fazer o bem agora.
Vejamos que não é planejar fazer o bem algum dia, ou amanhã. É fazer o bem agora.
Sempre teremos tempo se nos propomos a fazer o bem. Sempre teremos tempo se doarmos parte do nosso dia para alguém.
É curioso, mas os que menos têm tempo, são os que mais se doam. Encontram, de alguma forma, oportunidade de servir.
Isso porque descobriram que a oportunidade de servir deve ser abraçada de todo jeito e quando ela surge.
E não falamos apenas de fazer o bem lá fora. As oportunidades de fazer o bem começam dentro de casa ou em nossa família maior.
Reflitamos um pouco: quem pode estar precisando de ajuda neste exato instante? Quem gostaria de um carinho? Uma lembrança? Um elogio? Alguns minutos de desabafo?
Sempre descobriremos alguém.
E para aquele trabalho voluntário, conseguiremos arranjar tempo. O tempo cria tempo. Comecemos e perceberemos como tudo se encaixa.
Certas coisas que eram tão importantes vão ficando para trás. Outras, com as quais gastávamos tantas preciosas horas, podemos repensar.
E isso irá acontecendo naturalmente.
Uma vez que nos propomos a servir ao bem, servir ao próximo, servir a uma causa maior que não apenas a nossa própria, começamos a ter uma ajuda nova.
Veremos que até na organização de nosso tempo seremos auxiliados.
Confiemos. O tempo cria tempo quando fazemos o bem agora.
Redação do Momento Espírita, com transcrição de versos
do cap. 31, do livro Caridade, por Espíritos diversos,
psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. IDE.
Em 15.4.2025
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