A maioria de nós conhece a História da libertação do povo hebreu da escravidão do Egito, a partir dos versículos do livro bíblico Êxodo.
A narrativa detalha os apelos de Moisés ao faraó. Dos transtornos sucessivos ocorridos aos egípcios até a libertação dos hebreus que enfrentaram o deserto rumo à Terra Prometida.
Poucos sabemos, possivelmente, de uma outra versão, que se encontra no livro de Mórmon.
A narrativa fala dos jaredistas, um dos quatro povos que eles acreditam ter se estabelecido na América antiga. Seriam descendentes de Jared e de seu irmão, que viveram na época da torre de Babel.
Segundo esse livro, os jaredistas são forçados a abandonar seus lares devido a uma série de condições que reprimiam sua liberdade.
Eles são orientados a se aventurarem em barcos totalmente selados e estanques, capazes de serem inundados pelas ondas sem afundar.
Jared fala com Deus sobre a dificuldade de governar esses barcos em meio à total escuridão. É orientado, então, a levar consigo várias pedras que, tocadas pela Divindade, emitiriam luz.
A viagem foi longa e difícil ao extremo. Tempestades terríveis viravam os barcos, de forma repetida. Contudo, eles resistiram e as pedras, tocadas por Deus, continuavam a brilhar.
Finalmente, um vento furioso soprou os barcos em direção à Terra Prometida.
* * *
A imagem é particularmente bela. Um povo navega por mares bravios em busca da liberdade, guiados pela luz que o toque de Deus irradia.
No decorrer da nossa existência, há momentos em que precisamos navegar rumo ao desconhecido, desbravar mares de dificuldades.
Em momentos críticos, poderemos nos sentir como navegantes em barcaças frágeis, enfrentando o furor das ondas.
Estes podem ser tempos de desespero e de pavor, com tantas notícias de revoluções da natureza, em que terremotos abalam a Terra, ao mesmo tempo que o próprio homem prossegue agredindo seu irmão, com mísseis, bombas e toda sorte de armamento.
Também podem ser tempos de descoberta. Afinal, a parte mais emocionante na História do Êxodo, segundo os jaredistas, é uma única linha.
Aquela que informa que, apesar dos desafios e das enormes dificuldades da sua jornada pelo mar, o vento sempre soprava na direção da Terra Prometida.
Então, lancemos nossas velas e aproveitemos esses ventos.
A vida tem essa virtude em que podemos confiar. Em nossa luta para o progresso e a conquista da felicidade, nunca estamos sozinhos, jamais estamos abandonados.
Como um farol na costa, a luz divina nos aponta o porto seguro para a libertação da nossa ignorância e a conquista da felicidade.
Sua presença é como um brilho que nunca se apaga, oferecendo conforto e segurança em cada momento de nossa jornada.
É na luz de Deus que encontramos clareza para as decisões difíceis e paz nas inquietações do coração.
Por fim, pensemos que nós mesmos podemos nos tornar aquela rajada de vento nas mãos do Senhor, ajudando os demais a progredir em sua jornada.
Redação do Momento Espírita, com base no
Epílogo, do livro As bênçãos do meu avô, de
Rachel Naomi Remen, ed. Sextante.
Em 4.6.2025
Escute o áudio deste texto