Momento Espírita
Curitiba, 11 de Julho de 2025
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A história é fictícia e objetiva o entretenimento virtual. Somente isso. Ela nos remete a um momento de intensa dor e destruição.

E ao êxtase do amor, que sobrevive ao tempo, ao sofrimento e ao afastamento. Uma mente audaciosa a criou, servindo-se da inteligência artificial.

Ela não é real, mas bem pode traduzir o padecimento de muitas almas e o encanto de um reencontro.

Num fictício show de talentos, apresenta-se um homem de noventa e oito anos. Diz que se chama Haruki. Conta que ele e sua amada, Emiko, eram jovens estudantes de música em Hiroshima.

No dia seis de agosto de 1945, descreve que viu uma luz branca tão clara que pareceu ele próprio ter sido apagado. E desaparecido o tempo.

Lembra de abrir os olhos e não entender o que acontecera. Seria aquilo a morte? Ficou enterrado por horas.

Quando foi resgatado, tinha as mãos queimadas, o olho esquerdo destruído. Foram-se os sonhos, a melodia que ele e a amiga Emiko estavam compondo.

Igualmente, a chance de um amor ser declarado. Afinal, ele se dispusera a declarar-se naquele dia.

Por setenta longos anos, Haruki carregou a dor da perda, a sombra de Emiko em cada nota musical silenciada. Ele acreditava que ela havia partido, vítima daquela luz branca que apagou o tempo.

Emiko, por sua vez, também conviveu com a ausência, marcada pelas cicatrizes físicas e emocionais daquele dia terrível, admitindo que seu amado amigo não havia sobrevivido.

No entanto, oitenta anos depois, através de um grupo de apoio a sobreviventes da fatídica bomba, os dois corações se reencontraram.

Marcados pela história, frente a frente, reconhecendo no olhar um do outro o mesmo drama, a mesma resiliência.

Em meio à fragilidade da velhice, a música renasceu. Emiko se lembrou da melodia, da canção que estavam criando juntos, o eco de um tempo de inocência.

E eles voltaram a tocar. As mãos trêmulas, talvez enferrujadas pela inatividade de décadas, mas o coração pulsando no ritmo daquela melodia juvenil. Uma tempestade musical após a seca da saudade.

A voz do amor que sobreviveu à catástrofe, a emoção do reencontro na velhice, a celebração de uma melodia que resistiu ao tempo e à ausência. A canção de dois jovens que não tiveram a chance de dizer adeus.

A melodia nos fala da força da memória e da beleza de um amor que se perpetua, mesmo diante das maiores tragédias.

*

Dois personagens criados pela mente humana. Mas quantas histórias semelhantes aconteceram e se reprisam no mundo?

A chama do amor brotando, o afastamento de anos por diferentes razões, o reencontro, mesmo no findar dos anos, reativando uma chama que ficou latente, no peito, aguardando...

Porque o amor é assim, sobrevive à dor, ao tempo, às tragédias, à morte.

Se o reencontro não se der sobre a Terra, se concretizará na imortalidade. Porque o mais extraordinário dom com que a Divindade nos brindou se chama imortalidade.

Isso nos identifica como filhos de um Deus eterno, que nos criou semelhantes a ele: imortais.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita
Em 17.6.2025

 

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