Em nosso dia, contamos quantas vezes agradecemos e quantas nos perdemos em reclamações?
A vida é um presente diário. Respirar, caminhar, ver, ouvir, pensar. São dádivas que, quase sempre, nos passam despercebidas, sufocadas pelas queixas, pelo desejo de tantas bagatelas que imaginamos nos possam acrescentar felicidade.
Por causa disso, deixamos de perceber o essencial. Deixamos de agradecer por tanto que temos e usufruímos. A vida que pulsa, os desafios que nos aprimoram, as pessoas que cruzam nossos caminhos, delicadas algumas, outras nem tanto.
Lembrando da cura dos dez leprosos pelo Mestre Jesus, verificamos que somente um deles retornou para agradecer o benefício que recebera.
Seremos esse agradecido ou, em nossas andanças pelo mundo, temos agido bem mais como qualquer um dos outros nove?
Gratidão começa na humildade, na capacidade de reconhecer que não estamos sozinhos. Que muito do que somos e temos resulta do amparo invisível, do amor daqueles que nos cercam, do esforço coletivo que nos beneficia.
Estudos científicos apontam que ser grato não é somente um ato espiritual. Trata-se de uma prática terapêutica.
Estatísticas demonstram que a gratidão melhora a qualidade do sono, fortalece o sistema imunológico, reduz a ansiedade, alivia dores físicas e burila os relacionamentos.
Por outro lado, a ingratidão nasce do orgulho, do egoísmo. É filha direta da ilusão de autossuficiência.
Acreditar que tudo nos é devido, que nada devemos a ninguém, é um equívoco que apenas gera isolamento, tristeza e estagnação espiritual.
É natural, em nossa imaturidade, focarmos no que nos falta, no que dói, no que não saiu como planejamos.
Mas é libertador treinar o olhar para perceber o que já temos, o quanto já caminhamos, o quanto somos amparados, de muitas e variadas maneiras.
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A vida não nos entrega o que queremos. Ela nos oferece o que precisamos.
Por isso, agradeçamos pela dor que ensina, pela dificuldade que fortalece, pelo obstáculo que aprimora.
Quando deixamos de reconhecer o bem que recebemos, alimentamos a ilusão de que somos vítimas da vida, esquecendo que ela é uma escola abençoada, com matérias diversificadas, que nos atestam a tenacidade, a perseverança.
Então, olhemos em nosso entorno: quantas bênçãos podemos contar hoje?
Talvez o simples fato de estar ouvindo esta reflexão já seja uma delas.
Acordar pela manhã, ouvir o canto dos pássaros, receber um sorriso, ter um trabalho, uma família - perfeita ou não -, ter amigos, ter a oportunidade de aprender, de crescer, de nos renovarmos.
A gratidão transforma. Cura. Eleva. Aproxima-nos de Deus e nos ajuda a atravessar a vida com mais leveza, mais serenidade, mais amor.
Façamos, portanto, da gratidão um hábito. Um exercício diário.
Proponhamo-nos, a partir de hoje, a agradecer mais e reclamar menos. Afinal, reclamar é perder um tempo precioso. Enquanto reclamamos, fechamos as portas para a percepção das bênçãos que nos cercam.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita,
Em 14.8.2025
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