A natureza é grande mestra. Extasiamo-nos ao observar a engenhosidade de algumas espécies animais.
O pássaro tecelão é um exemplo. Ele constrói seu ninho com duas entradas. Uma abertura mais óbvia, que parece ser a entrada principal, leva a uma câmara vazia ou a um bolsão raso dentro do ninho.
O objetivo é enganar predadores, como cobras ou outros animais que tentariam alcançar os ovos ou filhotes. Ao entrar por essa passagem, o predador não encontra nada e, muitas vezes, desiste ou fica confuso.
A entrada verdadeira é discreta, menor, camuflada ou difícil de ser percebida.
O pássaro e seus filhotes conseguem se espremer por essa abertura menor, que leva diretamente ao coração do ninho.
Alguns têm a capacidade de selar temporariamente essa entrada quando estão dentro.
Isso pode nos conclamar a reflexões para nossa própria vida. Pensemos na porta falsa no ninho.
Uma entrada que leva a um beco sem saída nos ensina que há formas diferentes e sábias de travar uma batalha, sem precisar de um confronto direto.
Ante a calúnia que, como uma flecha, nos é desferida, muitas vezes nossa resposta imediata é tentar pegá-la no ar.
Porém, podemos deixá-la, simplesmente, passar, sem lhe dar a força de nossa atenção. Não é ignorar o problema, mas negar-lhe o combustível.
Quem nos fere com palavras tóxicas espera que elas nos atinjam, nos magoem, nos deixem arrasados.
Então, ao invés de abrir a porta da nossa alma para elas, ofereçamos a outra porta, a da serenidade, da calma, da ausência de qualquer resposta, ostensiva ou emocional.
O agressor não alcança o efeito desejado. Ele entra em um espaço onde não há nada a ser consumido.
Preservemos nosso eu inviolável, nossa essência, nossos valores, nossa paz interior. Essa é a câmara mais sagrada.
Aprendamos a proteger nossa autoestima e nosso senso de valor de influências externas corrosivas.
A melhor defesa é o silêncio que se recusa a validar a mentira. O pássaro não anuncia sua entrada verdadeira. Ele somente a utiliza.
Do mesmo modo, não precisamos justificar nossa verdade para quem se recusa a ouvi-la, nem provar nossa inocência para quem já nos condenou em sua mente.
Nossa conduta e a verdade são as defesas mais robustas.
Foquemos em nossa paz, em nossos propósitos, naquilo que nos edifica. A energia gasta em nos defendermos de cada palavra vazia é energia que podemos usar para construir nossa própria vida, nosso próprio florescimento.
Se, acaso, alguém alcançar êxito danificando a obra a que nos dedicamos, tornemos a pensar no pássaro tecelão, que, com sua tenacidade, é capaz de reconstruir.
Isso significa resiliência. Marcados por agressões, reconstruamos nossa fortaleza interior, reforcemos nossas defesas.
Guardemos a certeza de que, a cada ataque superado, nos tornamos mais sábios e fortes.
Que a engenhosidade do pássaro tecelão nos inspire a construir ninhos de paz em nossas almas, protegidos das tempestades verbais, e a voar livres, mesmo diante das adversidades.
Redação do Momento Espírita
Em 28.8.2025
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