Quem gosta de problemas em sua vida?
A pergunta parece absurda, quase provocadora. Afinal, nossa tendência natural é evitar problemas. Fugimos deles como quem evita uma tempestade.
Mas e se olhássemos os problemas por outro ângulo?
Lembremos a história da ostra.
Ela vive tranquila, no fundo do mar. Quando um grão de areia entra em seu interior, tudo muda. A presença daquele grão estranho causa dor. Irrita. Machuca.
No entanto, em vez de rejeitá-lo ou simplesmente reclamar, a ostra reage de maneira diferente.
Dia após dia, ela envolve o grão com uma substância suave, como se fosse um gesto de carinho. Com o tempo, o que era incômodo se transforma numa joia preciosa: a pérola.
O que era problema, virou beleza.
A dor se tornou brilho.
A aflição foi transformada em valor.
Quando o grão de areia penetra a ostra, ele não é expulso nem ignorado. A dor é acolhida com paciência. E transformada.
Assim são os problemas na vida da alma. Entram causando desconforto. Mexem com o nosso interior. Se os envolvemos com coragem, perseverança, eles podem se transformar em pérolas de aprendizado.
No mundo, tudo evolui a partir de um desafio. O avião surgiu da dificuldade de atravessar grandes distâncias. A luz elétrica nasceu da necessidade de iluminar a escuridão. A medicina avança ao enfrentar doenças.
Não é diferente para a vida da alma.
A dor, os desafios e as provações fazem parte do nosso roteiro de crescimento. Cada dificuldade é um convite à transformação, à criatividade, à superação.
Nosso Mestre Jesus nos advertiu, há milênios: No mundo tereis aflições. Tende bom ânimo, eu venci o mundo.
Sábio, Ele não nos prometeu uma vida sem problemas, dificuldades ou empeços. Porém, nos ensinou a encará-los com coragem, fé e perseverança.
Convidou-nos a não desanimar, enfrentando tudo, como Ele o fez.
Dessa maneira, que tal olharmos os problemas com outros olhos? Há alguns que exigem força: são os desafios que enfrentamos com ação, com coragem.
Outros são sistemáticos: envolvem estudo, planejamento, lógica. Há ainda aqueles que nos obrigam a parar, refletir, mudar a forma de ver.
Esses nos forçam a olhar para dentro, a despertar valores adormecidos, a combinar velhas respostas com novos caminhos. São esses que moldam o caráter, expandem a consciência.
Às vezes, o problema nem é verdadeiramente real. Pode ser somente o resultado de como encaramos a vida e o mundo.
Vejamos que a dificuldade financeira em que nos sentimos mergulhados pode revelar um apego material.
O conflito familiar que nos atormenta pode se revelar como lição de compreensão, de compaixão, de perdão. A doença física, um chamado para cuidar da alma.
Não nos permitamos o desespero. Observemos os problemas, demoradamente. Conversemos com eles. Perguntemos o que eles têm a nos ensinar.
Talvez descubramos que, por trás daquela pedra no caminho, está escondida a chave da nossa próxima e ousada vitória.
Problemas não são castigos. São matéria-prima para a evolução. Apaixonemo-nos por eles. Permitamos que nossa alma floresça, mesmo em terreno difícil.
Redação do Momento Espírita
Em 12.9.2025
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