Momento Espírita
Curitiba, 16 de Dezembro de 2025
busca   
no título  |  no texto   
ícone Dinheiro é sangue

A frase nos causou estranheza. Sobretudo por partir da boca generosa de homem conhecido por sua dedicação ao semelhante.

Desejaria, acaso, assinalar que para conquistá-lo se faz necessário suar sangue?

Estaria se referindo àqueles que, de forma impiedosa, exigem de seus subordinados horas intermináveis de trabalho, que os exaurem, como se lhes retirassem o precioso líquido que lhes corre nas veias?

Ou estaria pensando naqueles desonestos que extraem sua riqueza da desgraça de seu semelhante?

Indagando a esposa, tão dedicada ao bem quanto ele próprio, ouvimos a explicação.

Meu marido diz que dinheiro é sangue porque tem que circular, não pode ficar parado, tem que ficar circulando.

Interessante alegoria. O sangue é um dos componentes mais vitais do nosso corpo, atuando como um complexo sistema de transporte, regulação e defesa.

Suas funções são abrangentes e essenciais para a manutenção da vida.

É como um rio em nosso organismo, garantindo que cada célula receba o que precisa e que os resíduos sejam eliminados.

Também atua como a linha de frente do nosso sistema imunológico e de cicatrização.

Os glóbulos brancos circulam, identificando e atacando vírus, bactérias, fungos e outros invasores. O plasma transporta anticorpos, que neutralizam agentes estranhos.

Por sua vez, as plaquetas e as proteínas de coagulação são essenciais para estancar sangramentos. Trabalhando juntas, formam um coágulo, vedando a ferida e evitando a perda excessiva de sangue.

Demo-nos conta, então, de que aquele filantropo sabia exatamente o que representava ter uma grande fortuna.

Hildebrando Araújo, o criador da frase, distribuía fartamente seus bens.

Não só os quinze irmãos de sua esposa, mas também inúmeros filhos de conhecidos e desconhecidos do interior do Estado, encontraram um lar em sua residência, um castelinho, em zona privilegiada da capital curitibana.

O dinheiro, circulando, sem parar, lhes pagou os estudos, enquanto recebiam apoio moral e incentivo para seu próprio crescimento.

Viúva, a esposa preocupou-se em assegurar que a vitalidade do dinheiro não estagnasse.

Em testamento, repartiu os bens, recordando de familiares, mesmo distantes.

Contudo, uma parte foi delegada a uma instituição benemérita a fim de que criasse uma fundação para oferecer a meninos e meninas, em situação de risco, a possibilidade de cursos profissionalizantes.

Algo que os guindasse à condição de cidadãos honrados, garantindo o seu sustento e contribuição salutar à sociedade.

Dessa maneira, honrou a frase do marido: Dinheiro é sangue.

Precisa circular para manter a vida, para oxigenar as artérias de um mundo necessitado de produção e paz.

Precisa circular para garantir que cada célula da sociedade receba o seu quinhão, em termos de oportunidade de crescimento.

Como um rio generoso, precisa auxiliar a impedir o avanço do mal, criado pelas bactérias da ociosidade e pelo vírus da hora vazia.

Dinheiro é sangue. Tem que circular, transformando bolsões de miséria e dor em bênçãos de vida frutífera.

Redação do Momento Espírita, com dados da
 vida do casal Hildebrando e Leopoldina Araújo.
Em 19.9.2025

 

Escute o áudio deste texto

© Copyright - Momento Espírita - 2025 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998