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Em quase todos os idiomas do mundo há uma palavra ou frase para expressar gratidão. O agradecimento é a resposta do ser humano quando recebe algo.

É a expressão do reconhecimento por sermos cuidados, vistos, lembrados.

Agradecemos quando alguém segura uma porta para nós, ou quando nos convidam para um evento. Somos gratos quando alguém nos presenteia com um mimo, uma flor.

Será que, por vezes, agradecemos simplesmente por hábito, sem sentir o real valor daquilo que nos é oferecido?

Será que somos gratos reconhecendo o bem que alguém nos fez?

Num vilarejo remoto de Moçambique, onde as estradas são de terra batida e o horizonte é feito de poeira e esperança, uma mãe caminhava sob o sol escaldante.

Trazia nos braços um bebê de poucos meses. Andara mais de trinta quilômetros, a pé, determinada a garantir a vacina que protegeria seu filho de doenças.

Cada passo era uma oração silenciosa. Cada dor nos pés, uma oferta de amor.

Chegou ao posto de atendimento com os pés inchados, a roupa colada ao corpo pelo suor e o olhar firme de quem conhece o valor de uma vida.

Ao ser atendida, a voluntária lhe ofereceu um copo de água e algumas bolachas. Coisas simples. Pequenas. Mas a mulher comoveu-se como quem recebe um banquete.

Com voz mansa, disse: Obrigada. Hoje foi o melhor dia da minha vida.

A atendente, surpresa, perguntou o porquê. Ela respondeu, com serenidade: Porque hoje meu filho foi protegido e alguém me deu água antes que eu precisasse pedir. Deus é bom.

Palavras simples, expressando gratidão. Sobretudo fé, confiança.

Aquelas palavras tocaram o coração dos que as ouviram. E calaram fundo porque, para muitos, a gratidão só nasce quando há abundância, quando a oferta é generosa.

Entretanto, ali, entre o pó da estrada e a simplicidade da vida, florescia uma gratidão pura. A de quem reconhece o valor das pequenas coisas.

Gratidão por uma vacina. Por um copo de água. Por um gesto de cuidado. Gratidão que não se aprende nos livros. Trata-se de sentimento que brota da alma.

Expressão de quem desperta cada manhã e agradece pela vida, pela oportunidade de continuar respirando, mesmo que seja o ar seco dos dias quentes.

Ao agradecermos o pequeno óbolo, a mínima oferta, mesmo em meio à escassez, abrimos espaço para a paz verdadeira.

A gratidão não transforma o que temos, o que recebemos. Ela transforma quem somos. É como se cada ato de gratidão fosse uma semente lançada ao solo da vida, germinando em serenidade, humildade e empatia.

Alma grata não espera o muito. Ela valoriza o tudo que há no pouco. Reconhece que cada amanhecer é uma dádiva, que cada estrada poeirenta é um caminho, que cada gesto de carinho é um brinde, algo a mais para enriquecer um momento, um dia.

A gratidão nos ensina a enxergar a beleza nas entrelinhas da vida, a perceber detalhes mínimos. Talvez, como aquela mãe, um dia possamos dizer, com o coração em quase êxtase:

Hoje foi o melhor dia da minha vida... porque eu aprendi a agradecer.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 2,
 do livro Um dia sem reclamar, de Davi Lago
 e Marcelo Galuppo, ed. CDG.
Em 27.9.2025

 

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