Na vida, planejamos quase tudo. Planejamos a carreira profissional, optando pelo curso que nos moldará para ela.
Planejamos as festividades para a comemoração da conquista do diploma universitário: o traje, o baile, a distribuição dos convites.
Convites para os que amamos, para aqueles com quem compartilhamos momentos, para aqueles a quem somos gratos por tantas coisas.
Planejamos a data do consórcio, número de filhos e o momento adequado para os ter.
Planejamos...
Bem raros, talvez inexistentes, aqueles de nós que pensemos em nossa morte.
Sabemos que a morte é uma fatalidade, ou seja, é algo do qual nenhum ser vivo pode fugir.
Cedo ou tarde, ela nos recolhe em seu regaço. Sempre surpreende. Mesmo para os que nos encontramos lutando contra enfermidades de curto ou longo prazo.
Porém, se não podemos definir a data da nossa morte, a não ser que tenhamos a infelicidade de decretá-la, em comprometedora fuga da preciosidade da vida, podemos planejar alguns detalhes.
Foi pensando nisso que alguém escreveu:
Eu desejo morrer num dia de sol. Num dia em que as flores cantem beleza e os pássaros alegres realizem voos extraordinários nos céus.
Eu desejo que o anúncio da minha morte seja feito para todos aqueles com quem convivi, trabalhei, idealizei projetos, concretizei planos.
Desejo merecer de cada um deles um pensamento de felicidade para a jornada nova que empreenderei.
Quiçá, alguns que disponham de um tempo maior, ergam aos céus uma breve prece para fazer luz no meu caminho.
Eu quero que amados me encomendem o Espírito ao Senhor Supremo. E falem do que signifiquei em suas vidas.
Eu desejo morrer em um dia comum. Afinal, minha vida foi comum. Somente a tornaram especial as amizades que conquistei, os amigos que conservei, os amores que amei, aqueles que me amaram.
Eu quero morrer tranquilamente, mesmo que a morte me encontre de repente, no trânsito, no trabalho, no lar.
Eu quero morrer com a consciência em paz, na certeza de que não deixei encargos pesados para os meus, nem débitos esquecidos com ninguém.
Eu quero morrer depois de ter esgotado, até a última gota, o quinhão de energia que a Bondade Divina me concedeu para viver nesta caminhada terrena.
Nem um minuto antes. Talvez, um pouco depois. Quem sabe eu possa merecer uma breve moratória.
Afinal, quem não deseja viver um tanto mais? Sempre há algo por fazer, ainda a descobrir, a empreender.
A vida é infinita em oportunidades.
Muitos dizem que não querem flores, que o dinheiro pode ser gasto com os necessitados de toda ordem.
Com todo o respeito a quem assim pensa, nunca mais haverão de me honrar a morte neste mundo. Não morrerei outra vez. Então, eu gostaria de ter flores embelezando meu caixão e meu túmulo.
Nada grandioso ou de grande custo. Um cravo vermelho, uma rosa perfumada, uma margarida, um ramo singelo de verdura, colhido no próprio jardim.
Sempre amei as flores. Que elas estejam comigo na partida.
E que seja muito feliz o meu retorno ao lar paterno...
Redação do Momento Espírita
Em 29.9.2025
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