Se souberes de alguém
Que se afastou do bem,
Nada digas de mal,
Porque não sabes se a pessoa
Que se complica ou se atordoa
Tem algo que lhe agride a limpeza mental.
Se escutares na estrada
Que essa ou aquela criatura vive errada,
Abençoa, trabalha e silencia...
Com referência à tentação e à queda
Ou à calúnia feroz que a tanta gente enreda,
Cada qual tem seu dia.
* * *
Muitos de nós ainda temos certo prazer em notar, e depois divulgar, que alguém caiu, que alguém se perdeu ou cometeu um equívoco absurdo.
Curioso que nunca é para nosso aprendizado. Nunca é com a intenção de nos precavermos do mesmo mal, mas sim por uma espécie de vício doentio.
Há muito por trás disso, por trás desses pequenos prazeres que, muitas vezes, não reconhecemos facilmente.
Acreditamo-nos melhores porque o outro está derrubado, porque o outro está caído e se perdeu pelo caminho.
Como é tolo e absurdo esse sentimento.
Essa é a raiz da maledicência que consome a Humanidade, disfarçada de tantas outras coisas. Algo que antes estava nos cochichos, nas fofocas que iam de boca a ouvido.
Depois, foi para os telefones. Agora, de maneira rápida, divulga-se nas redes sociais.
Falar mal por falar mal. Que ganhamos com isso? Nem nos damos conta de que se trata de um vício moral.
Nem pensamos que, como estamos a caminho, poderemos, também, em algum momento, tropeçar e cair.
Por isso, a orientação segura nos versos do poema: Se escutas na estrada, que aquela pessoa vive errada, abençoa, trabalha e silencia.
Nada digamos de mal, pois não sabemos o contexto da vida do outro, não ouvimos o seu lado, não estamos vivendo a sua vida. Desconhecemos as suas lutas.
Muito fácil julgar à distância. Muito fácil escandalizar-se na plateia, sem estar com as roupas do personagem no mesmo palco.
Bom seria pensarmos como gostaríamos de ser alvo da compaixão alheia se fôssemos nós os caídos.
Por isso, o convite do bem é o Abençoa, trabalha e silencia.
Não amplifiquemos o mal, divulgando-o, sem critérios.
Abençoemos o irmão que cai, enviando-lhe vibrações de suporte para que possa se reerguer. É isso que devemos desejar uns aos outros.
Em seguida, trabalhemos, vigilantes, para que nós não venhamos a cair. Que o exemplo dele nos possa servir como lição para agir corretamente.
Sejamos discretos, silenciando. Divulguemos o bem com alegria. Mas, no que diz respeito ao mal que descobrimos no outro, mantenhamo-nos em silêncio. Se tivermos algo a dizer, que seja diretamente a ele.
Cada qual tem seu dia. Não temos ideia do que é estar na pele do outro ou mesmo calçar seus sapatos, como diz a expressão popular.
Compreendamos. Se queremos que o mal desapareça da face da Terra, trabalhemos em nós a maledicência, pois ela tem corroído a Humanidade por dentro, sem que percebamos.
* * *
Se vires chaga ou lama,
Cala-te, faze o bem, asserena-te e ama.
Planta alegria e paz.
De tolerância e amparo no caminho
Ou do braço leal de algum vizinho,
Eu preciso e também precisarás!
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 30, do livro
Alma e Vida, pelo Espírito Maria Dolores, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, ed. CEU.
Em 30.9.2025
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