Momento Espírita
Curitiba, 05 de Dezembro de 2025
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ícone Quando o amor existe

Sem nos darmos conta, os anos rolam. O tempo passa. E um belo dia nos descobrimos um tanto mais do que maduros.

Nossos filhos cresceram, constituíram suas próprias famílias. Nasceram os netos, enriquecendo-nos de afeto.

Descobrimos que nos tornamos frágeis e dependentes. O vigor diminuiu, os olhos já não têm a mesma acuidade dos dias jovens. Queremos realizar tantas coisas e percebemos que nem tudo nos é possível.

E os filhos que criamos, com amor desmedido, nos cercam de cuidados. Olham nossos esquecimentos e tropeços como algo inerente à idade.

Então, deixamos de ser os cuidadores para sermos cuidados com carinho.

Por vezes, esses cuidados nos parecem exagerados. Chegamos a pensar que nossos filhos nos estão tolhendo a liberdade.

Será isso mesmo? São momentos difíceis para ambas as partes. Os filhos que desejam nos cuidar, que se preocupam com nossas pequenas-grandes dificuldades que nem chegamos a perceber.

E, nós, idosos, desejando manter nossa independência, nem sempre plausível, viável, por pequenas falhas que nos acontecem, na memória, no físico.

Momentos assim exigem diálogos. Atenciosos, calmos, em que um fala, o outro escuta, pondera, explica.

Momentos em que precisamos aprender a ceder um pouco e a nos deixarmos amar por aqueles a quem demos tanto. Deixar de ver nos cuidados exagerados uma tentativa de diminuir nossa autonomia.

Compreender que, como filhos, também não tão jovens, sentem um medo profundo de nos perder, de não poder mais contar com as longas conversas, mesmo aquelas histórias repetidas mil vezes, que fazem parte da sua infância distante.

Se não têm mais o olhar de admiração pelos nossos feitos do presente, lembram dos feitos do passado e, secretamente, se orgulham de tudo que lhes fizemos, como pais, ao longo dos anos.

Se a paciência nos falta, se a lucidez diminui, o amor permanece.

Será que, idosos, nos lembramos de agradecer aos filhos pelos cuidados que nos dispensam?

O telefonema inesperado no meio da manhã nos indagando se estamos bem. A preocupação em nos conduzir à consulta médica, acompanhar no exame necessário.

Quantas vezes lembramos de agradecer pelas sacolas que nos trazem, com os itens do supermercado, do verdureiro, da panificadora, para que não precisemos sair de casa nos dias muito frios ou de intenso calor?

Lembramos de lhes dizer que sem eles a vida seria bem mais difícil? Que nos orgulhamos das pessoas boas que se tornaram?

Lembramos de lhes agradecer pelos netos, que enchem nossa casa de risos, de brincadeiras, de afagos, deixando-nos reviver os dias da nossa própria juventude, com filhos pequenos e travessos?

Lembremos de agradecer por esses pequenos amorosos. Também pelos jovens entre quinze e dezenove anos, que desejam planejar uma viagem conosco, seus avós.

Não para onde eles queiram, mas para um lugar onde nós nos sintamos confortáveis. Pode-se aquilatar um amor assim?

Pensemos... Agradeçamos... Porque isso somente acontece quando o amor existe.

Redação do Momento Espírita
Em 2.10.2025

 

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