Momento Espírita
Curitiba, 05 de Dezembro de 2025
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ícone Brandura e violência

Há quem julgue que a brandura seja ausência de firmeza de caráter. Na realidade não é assim.

Alguns a vemos como inatividade, passividade, estagnação.

No entanto, serenidade é entendimento e visão.

Observemos como a água branda vence a pedra dura. E o cais, parado e silencioso, contém o oceano que se move, terrível, na maré alta.

Em contraposição à brandura, temos a violência e a precipitação, que causam complicações e agravam problemas.

O final da história dos impulsivos, muitas vezes, é narrado por seus próprios personagens, nas penitenciárias onde se recolhem.

E a biografia dos imprudentes é contada por eles mesmos, nos acidentes em que se envolvem, quando não sucumbem nas doenças que criam para si.

Isso acontece, porque a irritabilidade compra cólera, a qualquer preço, na sucata das tendências inferiores que trazemos de vidas passadas.

Ao realizar tal compra, ela se converte em projétil fulminante, aliando-se à impaciência, sendo incapaz de atender qualquer sinalização de prevenção ou mínimo cuidado.

A brandura é a faculdade de recolher dificuldades extraindo-lhes o ensinamento. É aceitar os calhaus, transformando-os em material valioso de construção íntima.

Assim como a violência, a brandura também propõe uma reação, um caminho de volta ao que recebeu.

No caso da primeira, como já entendido, temos um novo projétil na direção contrária, uma explosão de volta. Na proposta da brandura, há uma devolutiva calma e inteligente.

Dessa maneira, ser brando não quer dizer que não devamos enxergar perigos, ou que não os enfrentemos com seriedade.

Pelo contrário, os Espíritos brandos permanecem tranquilos nas grandes perturbações como quem veste amianto em hora de incêndio, e se dirige para apagar o fogo.

As criaturas serenas agem com reflexão e tolerância, sofrem sem reclamar e suportam pancadas por amor à paz dos outros.  Sobretudo, sabem aguardar.

Sabem aguardar o tempo claro para examinar os enigmas que se apresentam nos dias de sombra, sem a mínima intenção de se sobreporem ao interesse geral.

Foi por essas razões que Jesus considerou bem-aventurados os brandos de coração. Eles possuirão a vida mais longa e melhores recursos, pois sabem cultivar a bondade, a esperança, a paciência e a brandura.

Os que ainda não possuímos a virtude da brandura nos irritamos com os que a possuem. De um modo geral, os brandos não são bem quistos, nem bem aceitos.

Passam, aos olhos do mundo, por tolos, indiferentes, fracos.

Para os irritadiços, os brandos são ingênuos e incomodam, porém, no fundo, esses sabem que um dia precisarão alcançar também tal virtude fundamental.

Desdenham, criticam, invejam, pois ainda não conseguem agir dessa forma.

Que os brandos tenham paciência e que aqueles que ainda não o somos, percebamos quanto é mais seguro, mais fácil, mais inteligente, viver com brandura.

Construamos um pouco de brandura todos os dias. Desaceleremos a mente. Acalmemos a alma. Cultivemos a fé e o respeito ao semelhante.

A brandura nascerá sem que percebamos.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 53,
 do livro
Sol nas almas, pelo Espírito André Luiz,
 psicografia de Waldo Vieira, ed. CEC.
Em 3.10.2025

 

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