O jovem magro, de rosto ossudo e um penteado de seda de milho assistia à conferência da Sociedade Alemã de Física, em Leipzig. Corria o ano de 1930.
Depois do ótimo discurso de Albert Einstein, explodiram os aplausos.
Então, o presidente da Associação tomou a palavra, elogiou profundamente a oratória do convidado ilustre e perguntou se alguém teria uma pergunta a fazer.
O silêncio tomou conta do salão. Afinal, quem ousaria questionar um dos físicos mais respeitados do mundo?
Mas o rapaz russo, sentado na última fileira, levantou sua voz juvenil e deixou o público fascinado ao observar:
O que o professor Einstein disse não é tolice, mas a segunda equação que ele escreveu não decorre da primeira.
Na verdade, requer outras suposições que não foram feitas e, o que é pior, não satisfaz um critério de invariância, como deveria ser.
As cabeças se voltaram para a voz ousada e desafiadora que submergiu todos em descrença. Naquele momento, somente imaginavam quem poderia ser o ousado interlocutor.
Einstein ficou quase paralisado, enquanto sua mão coçava, mecanicamente, seu bigode.
Imergiu profundamente seu pensamento na dita equação errônea no quadro-negro.
Depois de uns sessenta segundos ou mais, ele se virou, admitiu o erro e disse:
A observação desse jovem está perfeitamente correta. Peço que esqueçam tudo o que eu disse.
Naquele dia, dessa maneira, Albert Einstein demonstrou o tipo de humildade que o conhecimento genuíno confere a qualquer recipiente de carne que o abrigue. Foi a mais extraordinária lição do dia.
Embora a plateia não soubesse, aquele jovem se chamava Lev Davidovich Landau.
Tornou-se um físico renomado por suas contribuições em diversas áreas da Física teórica, especialmente na Mecânica Quântica e na Física de baixas temperaturas.
Recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1962 por sua teoria sobre a superfluidez do hélio líquido.
* * *
O ocorrido nos remete a duas grandes reflexões. A primeira é o respeito que devemos a quem está ao nosso lado.
Sua aparência, sua maneira de vestir podem não falar da sua grandeza. Nunca sabemos se essa criatura é ou se tornará muito importante para o mundo.
Aprendamos, portanto, a olhar mais a essência e menos a superficialidade que nossos olhos veem.
A segunda e mais excepcional é a humildade, que nos deve vestir todas as ações, jamais nos acreditando os portadores da verdade, aqueles que tudo sabem e que, de maneira alguma, podem ser analisados, questionados ou corrigidos.
Humildade é palavra de ordem para quem se propõe a crescer, até alcançar as estrelas.
Ela se identifica pela meiguice. Oferece plenitude quando tudo conspira contra a paz.
Com ela, o homem adquire grandeza interior e se eleva, levando consigo a Humanidade inteira.
Na humildade, descobrimos que a verdadeira grandeza não está em dominar, mas em servir. Não em aparecer, mas em ser.
Quem se esvazia de si, enche-se do divino. Assim, a humildade nos aproxima de Deus, e nos torna mais plenos e serenos, em paz com nosso lugar no Universo.
Redação do Momento Espírita com base em texto
do livro The ABC's of Science, de Giuseppe Mussardo, ed.
Springer Nature, e no cap. 28, do livro Convites da vida, pelo
Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco,
ed. LEAL.
Em 17.10.2025
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