Momento Espírita
Curitiba, 16 de Dezembro de 2025
busca   
no título  |  no texto   
ícone A alma do pão

Todos os dias, naquele mercado, forma-se uma fila próximo às cinco horas da tarde. É o horário em que sai a fornada de pão.

Num mundo que preza pela velocidade e resultados instantâneos, todos esperam pacientemente, ninguém reclama.

Alguns conversam, falam de como apreciam o pão quentinho.

E isso nos leva a pensar na extraordinária virtude chamada paciência.

Damo-nos conta de como o pão nos leciona paciência. Longa é a jornada do grão do trigo até a entrega do produto final.

Ele passa por plantio, floração, colheita, armazenamento, transformação em farinha.

E o processo de um pão saboroso começa antes de a massa ser formada: na escolha da farinha. Depois, a mistura dos ingredientes - água, fermento e sal. É o ato de dar vida.

O fermento é o grande mestre da paciência. Ele não age instantaneamente. Seu trabalho é silencioso, invisível e lento.

Sem tempo para o fermento acordar e desenvolver o sabor, o pão ficará pesado.

Na vida, equivale ao período em que as ideias se fundem, as habilidades se consolidam e os relacionamentos se aprofundam.

É o momento de confiar no processo invisível de não forçar a evolução, mas de permitir que ela aconteça a seu tempo.

Tentar apressar o crescimento é como assar um pão que ainda não levedou: o resultado será decepcionante.

O ato de sovar a massa é, talvez, a metáfora mais clara para a paciência ativa. É um trabalho repetitivo, que exige esforço e que, inicialmente, parece não levar a lugar nenhum.

A paciência na sova é o compromisso de continuar o trabalho mesmo quando o progresso é lento. É o reconhecimento de que a força e a elasticidade da massa só se desenvolvem através da fricção e da persistência.

Na vida, são as horas dedicadas a um treino, à revisão de um texto, ou à repetição de um hábito até que ele se torne natural.

Finalmente, o pão vai para o forno. O padeiro não pode simplesmente colocar o pão na temperatura máxima para acabar logo.

É preciso um calor constante e na temperatura certa. Nem tão baixo que o pão seque, nem tão alto que ele queime por fora e fique cru por dentro.

A paciência aqui é a disciplina e o controle. É a capacidade de manter o foco e a calma sob pressão, garantindo que as condições para o resultado sejam ideais.

Na vida, é saber que cada etapa tem a sua temperatura. O sucesso sustentável não vem de explosões de energia, mas da manutenção de um esforço calibrado e constante, que cozinha o nosso caráter sem o queimar.

Quando o pão é retirado do forno - dourado, crocante por fora e macio por dentro - ele é mais que um alimento. É a prova material de que a espera valeu a pena.

A fragrância que inunda o ambiente é o aroma do resultado conquistado.

A paciência é a ação no tempo certo. É a sabedoria de esperar pelo desenvolvimento necessário, de sovar o esforço, de manter a temperatura da disciplina e de confiar que a combinação de bons ingredientes e tempo dedicado nos trará o nosso próprio pão perfeito.

A alma do pão se chama paciência. Em nossa vida, uma virtude que nos mantém o bom ânimo e o vigor.

Redação do Momento Espírita
Em 15.11.2025

 

Escute o áudio deste texto

© Copyright - Momento Espírita - 2025 - Todos os direitos reservados - No ar desde 28/03/1998