Momento Espírita
Curitiba, 01 de Dezembro de 2025
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ícone Quando os sinos dobram

Vovó, como era no tempo da senhora, quando não tinha telefone, internet, celular ou whatsApp? Como as pessoas ficavam sabendo das coisas? Como as notícias chegavam? - Perguntou a menina de olhos curiosos.

A avó sorriu, ajeitou os óculos e respondeu com calma:  Minha querida, as notícias corriam de boca em boca, pelas conversas nas praças, pelos bilhetes entregues de mão em mão.

E, quando alguém partia desta vida, havia um anúncio que ninguém deixava de ouvir na cidade: os sinos dobravam.

A neta arregalou os olhos.

Como assim os sinos dobravam?

Era assim: aquele sino grande ao lado da igreja tocava devagar, um toque compassado, profundo, que se espalhava lentamente pelo ar.

Cada badalada dizia a todos: Alguém voltou para a Casa do Pai. Era como se a própria cidade parasse por um instante, em respeito e oração.

*   *   *

Há alguns anos, ainda era assim. Em localidades menores, ainda ocorre. O sino anuncia a notícia. Cada badalada é um convite à reflexão. Alguém deixou a Terra e retornou à pátria espiritual.

Não se trata apenas de uma vida que se findou. É um lembrete de que todos estamos ligados.

O poeta John Donne escreveu que nenhum homem é uma ilha. A morte de qualquer pessoa afeta a todos, pois pertencemos à mesma Humanidade. Por isso, quando os sinos dobram, eles dobram por nós.

Quando escutamos esse som, percebemos que não estamos diante de um fim absoluto, mas de uma passagem. A vida não se encerra: ela se transforma, segue em outros horizontes, ainda que invisíveis aos nossos olhos.

Do ponto de vista espiritual, compreendemos ainda mais profundamente esse chamado. Os sinos não anunciam apenas um adeus. Eles recordam que a vida continua. Aquele que parte não desaparece, retorna à verdadeira morada.

Quando os sinos dobram, vagarosos e doloridos, nos convidam à oração pelos que seguem adiante. Convidam-nos também a viver melhor o presente, aproveitando o tempo para amar, perdoar e servir.

E, para aqueles que choram a ausência de alguém querido, é preciso recordar: o amor não morre. O afeto não se apaga. Quem amamos permanece vivo, na lembrança que aquece, na saudade que é prova de ternura.

Por vezes, o coração se revolta diante da partida repentina. Mas a fé nos recorda que ninguém desaparece. Aquele que se foi somente atravessou uma porta que todos um dia também atravessaremos.

Mais cedo ou mais tarde, os sinos dobrarão por nós.

Então, o que importará não serão as posses, os títulos ou os aplausos. Importará apenas o amor que semeamos, a bondade que espalhamos, a esperança que acendemos nos corações.

Portanto, se hoje os sinos dobram e nos lembram de alguém que partiu, permitamos que a saudade se transforme em oração.

Enviemos pensamentos de paz, guardemos as lembranças felizes, confiemos que a vida é maior que a morte.

Lembremos: os vínculos do coração são eternos. O amor é o que permanece. Um dia, todos os reencontros acontecerão.

Nesse dia, os sinos dobrarão, anunciando alegria.

Redação do Momento Espírita.
Em 1º.12.2025

 

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