Momento Espírita
Curitiba, 16 de Dezembro de 2025
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ícone A lenda das lágrimas

Conta uma lenda que, quando o Criador concluiu a Sua obra, dividiu-a em departamentos e os confiou aos cuidados dos anjos.

Após algum tempo, o Todo-Poderoso convocou os servidores para uma avaliação.

O primeiro a falar foi o anjo das luzes.

Senhor, todas as claridades que criastes para a Terra continuam refletindo as bênçãos da Vossa misericórdia.

O sol ilumina os dias terrenos com os resplendores divinos, vitalizando toda a natureza, repartindo com ela o seu calor e a sua energia.

Deus abençoou o anjo das luzes, concedendo-lhe a faculdade de multiplicá-las na face do mundo.

Depois, foi a vez do anjo da terra e das águas, que exclamou com alegria:

Senhor, sobre o mundo que criastes, a terra continua alimentando fartamente todas as criaturas. Todos os reinos da natureza retiram dela os tesouros sagrados da vida.

As águas, que parecem constituir o sangue bendito da vossa obra terrena, circulam no seio imenso, cantando as Vossas glórias.

O Criador agradeceu e lhe abençoou o trabalho.

Em seguida, falou radiante, o anjo das árvores e das flores:

Senhor, a missão que concedestes aos vegetais da Terra vem sendo cumprida com dedicação.

As árvores oferecem sua sombra, seus frutos e utilidades a todas as criaturas, como braços misericordiosos do Vosso amor paternal, estendidos sobre o solo do planeta.

Logo após, falou o anjo dos animais.

Os animais terrestres, Senhor, sabem respeitar as Vossas leis, acatar a Vossa vontade.

Alguns se colocam ao lado do homem, para ajudá-lo. As aves enfeitam os ares e alegram a todos com suas melodias admiráveis, louvando a Vossa sabedoria.

Deus abençoou Seu mensageiro, derramando-lhe vibrações de agradecimento.

Quando chegou a vez do anjo dos homens, este mostrou-se cabisbaixo, exclamando com tristeza:

Senhor, enquanto meus companheiros falam da grandeza com que são executados Vossos decretos na face da Terra, não posso afirmar o mesmo dos homens...

Os seres humanos se perdem num labirinto formado por eles mesmos. Dentro do seu livre-arbítrio, criam todos os motivos de infelicidade.

Esqueceram-se totalmente do seu Criador e vivem se digladiando.

Deus, percebendo que o anjo não conseguia mais falar porque sua voz estava embargada pelas lágrimas, falou docemente:

Essa situação será remediada.

E fez nascer, ali mesmo no céu, um curso de águas cristalinas, com as quais encheu um cântaro e o entregou ao servidor, dizendo:

Volta à Terra e derrama no coração de Meus filhos este líquido celeste, a que chamarás água das lágrimas... Seu gosto é amargo, mas tem a propriedade de fazer que os homens recordem da Minha misericórdia paternal.

Se eles sofrem e se desesperam pelas coisas da Terra, é porque Me esqueceram, olvidando sua origem divina.

Desde esse dia, o anjo dos homens derrama na alma aflita da Humanidade, a água bendita das lágrimas remissoras.

*   *   *

A lenda encerra uma grande verdade: cada criatura humana, no momento dos seus prantos e amarguras, recorda, instintivamente, a Paternidade de Deus e a Ele se volta.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 22,
 do livro
Crônicas de além-túmulo, pelo Espírito
 Humberto de Campos, psicografia de Francisco
 Cândido Xavier, ed. FEB.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 2, ed. FEP.
Em 14.1.2026

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